51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

RUBIS NATURAIS E RUBIS SINTÉTICOS: A ESPECTROSCOPIA RAMAN COMO FERRAMENTA FORENSE

Texto do resumo

O rubi é uma das principais e mais caras pedras preciosas do mundo, usado desde a antiguidade como adornos, hoje, dependendo da sua qualidade, pode chegar a valores exorbitantes. Além de estar presente na fabricação de jóias, o rubi é muito usado na indústria, devido às suas propriedades físico-químicas. Em função da sua raridade e do alto valor agregado, a produção de corindons (Al2O3) sintéticos remonta ao início do século XX, quando o método de fusão em chamas foi desenvolvido pelo químico francês Auguste Verneuil. Desde então, uma variedade de técnicas têm sido desenvolvidas e refinadas para conferir características gemológicas ideais aos óxidos de alumínio sintéticos, visando à redução dos custos de produção de joias. Com o intuito de satisfazer a crescente demanda, a introdução de íons de Cr³⁺ na estrutura do coríndon confere-lhe uma coloração avermelhada, sendo comercializado sob o nome de rubi. Por ser uma jóia extremamente valiosa, diversos problemas financeiros, ambientais e sociais estão associados com a extração e o comércio ilegal, tais como lavagem de dinheiro, corrupção, dificuldade de rastreamento, garimpos ilegais e falsificação de gemas. Diante disso, na busca por métodos analíticos que permitam diferenciar espécimes de rubi sintéticos e naturais sem danificá-los, a espectroscopia Raman emerge como uma opção eficiente e rápida. Este método se baseia na interação entre radiação eletromagnética e os movimentos vibracionais dos núcleos, possibilitando a identificação dos componentes químicos da amostra e a caracterização de sua estrutura molecular. A capacidade de obter tais informações sem danificar a gema submetida à análise torna a espectroscopia Raman uma ferramenta crucial para a identificação de gemas sintéticas e naturais. Em vista disso, o presente trabalho analisou seis amostras de rubi, sendo quatro com origens conhecidas e duas de origens desconhecidas, por espectroscopia Raman, para verificar a distinção entre as espécimes. Os comprimentos de onda utilizados foram o laser de 532nm (verde), 633nm (vermelho) e 785nm (infravermelha). Os resultados iniciais mostram que o instrumento é capaz de diferenciar as gemas sintéticas das naturais, principalmente sobre o laser vermelho. Os principais picos em comprimento de onda de 633nm de todas as amostras estão localizados em 1350 e 1410cm⁻¹. No intervalo de 1450 a 1600cm⁻¹, notam-se as principais divergências nos espectros obtidos. A amostra natural apresenta ausência de picos, enquanto a amostra sintética apresenta três picos principais e de alta intensidade. Nesse mesmo intervalo, a amostra natural tratada apresenta dois picos incipientes. Notou-se que a distinção das respostas entre as gemas sintéticas das naturais são principalmente a intensidade dos picos, com o material natural tendo valores menores. A excitação das gemas na frequência infravermelha não proporcionou resultados satisfatórios para comparação. Portanto, este estudo preliminar sugere a espectroscopia Raman como uma possível ferramenta para a classificação de gemas de natureza desconhecida, com base na comparação de espectros de gemas conhecidas. Os resultados mostram a potencialidade do emprego da técnica na caracterização gemológica, inclusive com a possibilidade de análise de jóias montadas.

Palavras Chave

Gemologia Forense; Espectroscopia Raman; rubis; falsificação de gemas;

Área

TEMA 07 - Geoquímica Médica e Forense

Autores/Proponentes

Agda Marina Magnani, Ariadne Borgo, Juliana Jesus Costa