51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

FACIOLOGIA E AMBIENTE DEPOSICIONAL DA FORMAÇÃO BARREIRAS NO SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Texto do resumo

O termo “Barreiras” vem sendo utilizado na literatura para se referir a uma unidade siliciclástica de idade miocênica, cuja ocorrência se estende ao longo da região litorânea do Brasil, desde o estado do Amapá até o estado do Rio de Janeiro. Ela é composta por sedimentos pouco consolidados com predominância textural areno-argilosa, compondo pacotes que sofreram intensa atuação de processos pedogenéticos e erosivos. A unidade foi estudada por vários autores nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, mas ainda há carência de informações estratigráficas detalhadas na região Sudeste, especialmente no sul do Estado do Espírito Santo. Nessa área, embora afetados por intensa pedogênese, deformação e erosão, ainda existem afloramentos compondo tabuleiros costeiros e falésias, que permitem uma análise estratigráfica em busca de interpretações paleoambientais e de eventos geológicos pós-miocênicos. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo realizar a descrição detalhada da faciologia e mineralogia da unidade Barreiras nos munícipios de Itapemirim, Marataízes e Presidente Kennedy, no sul do Estado do Espírito Santo. Os métodos utilizados envolvem a delimitação da área de ocorrência da unidade e o detalhamento do seu contato com o Embasamento Cristalino, descrições faciológicas e coleta de amostras para análises granulométrica e mineralógica em lupa e por difratometria de raio x. Foram coletadas amostras em 21 afloramentos e, em função da expressão e extensão das exposições, bem como das condições de preservação, foram selecionados três pontos para análise faciológica e construção de colunas estratigráficas. A fácies mais comum identificada na área é composta por camadas areno-argilosas maciças, com predomínio textural arenoso mal selecionado (areia muito fina a muito grossa), com grãos angulosos a subangulosos e matriz lamosa. Cascalhos quartzosos angulosos estão dispersos em meio à matriz areno-argilosa e lentes cascalhosas sem contato bem definido com o material arenoso circundante ocorrem ocasionalmente. Com base na literatura, essa fácies pode indicar fluxos de detritos formados por processos de transbordamento de canais fluviais em períodos de cheia, compondo lobos deposicionais típicos de leques aluviais em um fluxo não canalizado de alta energia. Associada a esses depósitos, ocorre uma fácies lamosa maciça de coloração roxa predominante e manchas esbranquiçadas indicativa de deposição em corpos d'água que se formam após a desaceleração do fluxo, com sedimentação da argila em baixios onde a água em excesso fica estagnada. Apenas em um afloramento foram encontrados depósitos indicativos de corrente canalizada, representados por uma fácies areno-argilosa com estratificação cruzada acanalada intercalada com corpos lenticulares cascalhosos com seixos quartzosos subarredondados, imbricados e com gradação normal e inversa. Não foram encontrados indícios de deposição marinha nos afloramentos visitados. A análise das fácies sedimentares sugere um domínio continental de alta energia, com depósitos de fluxo de detritos associados localmente a depósitos fluviais do tipo braided. A continuidade dos trabalhos de campo e a complementação com os dados laboratoriais permitirão maior refinamento da interpretação paleoambiental e pedogenética.

Palavras Chave

Cobertura cenozoica; Sedimentologia; Espírito Santo.

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

Breno Rocha Borges, Mirna Aparecida Neves, Salomão Silva Calegari, Ailton Silva Brito, Ruan Dutra Pedruzzi