51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

Importância do Conhecimento Geológico na Seleção de áreas para o Armazenamento de CO2.

Texto do resumo

A humanidade enfrenta o desafio das mudanças climáticas, registrando, cada vez mais, eventos intensos e imprevisíveis com efeitos catastróficos. A redução das emissões de gases de efeito estufa é crucial para evitar impactos irreversíveis. O armazenamento de CO2 é uma parte importante dessa estratégia, e projetos de Carbon Capture Utilization and Storage (CCUS) têm se multiplicado globalmente. A Petrobras está estudando a captura, transporte e armazenamento de CO2 como oportunidades de negócio, visando contribuir para que o país alcance a neutralidade em emissões de carbono. O armazenamento de CO2 em uma formação geológica específica depende de diversos fatores, como as condições permoporosas da rocha reservatório, a capacidade selante da rocha capeadora ao reservatório, a composição mineralógica, a pressão e temperatura, a salinidade da água de formação, a quantidade e características do CO2 injetado, bem como as condições de operação do projeto de captura e armazenamento de carbono. Dentre os quatro principais mecanismos considerados, o armazenamento geológico (estrutural e estratigráfico) é considerado o mais seguro, pois o reservatório onde ocorrerá a injeção faz parte de um conjunto de geometria e selo que funcionam como armadilhas estruturais ou estratigráficas. Esses locais são campos depletados de óleo e gás, e a injeção de CO2 serve para estender a vida útil desses campos, aumentando o seu fator de recuperação (EOR). Por sua vez, o armazenamento residual (hidrodinâmico) ocorre quando o CO2, de menor densidade que o aquífero salino, tem movimento ascendente na formação geológica antes de ser adsorvido nas superfícies dos minerais presentes na rocha. Outro mecanismo importante é o armazenamento por solubilização (dissolução), no qual o CO2 injetado pode dissolver-se progressivamente em reservatórios salinos, interagindo com íons e alterando o pH do ambiente, formando bicarbonatos e carbonatos. A dissolução é uma forma eficaz de armazenamento, uma vez que o CO2 dissolvido é menos propenso a vazamentos. Além disso, há o mecanismo de imobilização mineral, no qual o CO2 dissolvido nos reservatórios reage com minerais na formação geológica, formando minerais estáveis ricos em cálcio, como calcita e dolomita. Esse processo, conhecido como mineralização de CO2, é bastante lento. Além da identificação dos reservatórios é preciso estimar os riscos na para injeção evitando, por exemplo, o fraturamento da formação ou do selo sob pressão de injeção excessiva, o que poderia levar ao escape e o descontrole no monitoramento da pluma de CO2. Nos campos de Sleipner e Snovit a Equinor encontrou dificuldades para acompanhar o comportamento da pluma de CO2 injetado. A Petrobras está avaliando as possibilidades de armazenamento em reservatórios salinos em bacias sedimentares localizadas na Costa brasileira. Na Bacia de Santos está avaliando reservatórios Turbiditos das Formações Jureia e Ponta Aguda. Outro alvo são os arenitos do Grupo Itararé, na Bacia do Paraná, onde a ocorrência de algumas acumulações de gás confirma a existência de trapas nesta unidade estratigráficas. Todos os estudos geológicos, geofísicos, geomecânicos, hidrogeológicos, em conjunto com modelagens de reservatório e de impactos ambientais e sociais, integram a longa trilha de atividades para avaliar a segurança e a viabilidade técnica e econômica destes projetos contribuindo para a mitigação dos efeitos deletérios das mudanças climáticas causadas pelo homem em nosso planeta.

Palavras Chave

Sequestro geológico de CO2; CCUS; Geologia; Bacias sedimentares

Área

TEMA 13 - Transição de matriz energética e energia renovável

Autores/Proponentes

Ricardo Fonseca Sampaio, Roberto Salvador Francisco d´Avila