Dados da Submissão

Título

PETROGRAFIA DO METACARBONATITO PASSO FEIO: CONTRIBUIÇÕES PARA A PESQUISA MINERAL NA REGIÃO DE CAÇAPAVA DO SUL, RS

Texto do resumo

Os carbonatitos (sensu lato) são rochas ígneas com mais de 30% de carbonato primário e são classificados taxonomicamente de acordo com sua mineralogia modal. São distinguíveis com base mineralógico-genética e divididos em carbonatitos (sensu stricto) as rochas magmáticas primárias de alta temperatura em oposição a depósitos residuais carbotérmicos, deutéricos e de baixa temperatura chamados carbotermalitos. O presente estudo tem como objetivo caracterizar a petrografia do Metacabonatito Passo Feio (MCPF) com base em descrições de campo, petrografia, microscopia eletrônica de varredura e difratometria de raios-X, contribuindo na evolução do conhecimento da ocorrência de carbonatito na região e fomentando assim a pesquisa mineral de ETR e P. O MCPF está localizado no contexto geológico do Terreno Tijucas, Cinturão Dom Feliciano, RS, pertencente ao Complexo Passo Feio. A estrutura principal do MCPF é um bandamento mm subhorizontal concordante com a foliação metamórfica dominante dos xistos do Complexo Passo Feio. Esse bandamento é irregular e descontínuo marcado pela alternância de bandas com calcita e apatita, com textura granoblástica fina a média, e bandas dominadas por tremolita, com textura nematoblástica fina, e flogopita, com textura lepidoblástica fina. O MCPF é composto principalmente de calcita primária (70-85%), dolomita e Fe-dolomita, com proporções variáveis. A calcita ocorre como grãos subédricos com contatos poligonais e extinção ondulante. A dolomita e a Fe-dolomita ocorrem como pequenos cristais subédricos (200 μm) nos interstícios dos cristais de calcita. As calcitas apresentam inclusões de barita, zircão e monazita e, por vezes, ocorrem como inclusões anédricas em apatita. Processos tardios são observados como a ocorrência de veios ou vênulas (mm) que cortam os carbonatos primários e preenchido com calcita secundária, sugerindo a atuação de fluidos hidrotermais. A apatita (10-15%) ocorre tanto como cristais magmáticos precoces incluídos nos carbonatos primários bem como nos cristais de calcita secundária. Os cristais de apatita são prismáticos, com hábito pill-like (prismas mal formados e bordas arredondadas) possivelmente resultante da interação da apatita prismática com o magma carbonático. São comuns inclusões de monazita e carbonatos nas apatitas. As tremolitas ocorrem como porfiroblastos subédricos a euédricos, mostrando uma orientação que, em conjunto com as flogopitas, evidenciam uma trama tectônica. As flogopitas ocorrem como porfiroblastos subédricos fortemente deformados com formação de kink bands. A barita ocorre como cristais anédricos frequentemente arredondados, geralmente inclusos nos carbonatos. O mineral de Nb reconhecido pertence ao grupo do pirocloro, formando pequenos cristais anédricos de cor castanha a vermelha escura que geralmente encontram-se na forma de inclusões nas apatitas ou disseminados na matriz carbonática. A pirita forma cristais euédricos frequentemente manteados por óxido de ferro e titânio. Os cristais de zircão e monazita ocorrem como inclusões nas apatitas, carbonatos primários e flogopitas. Com base na análise petrográfica do MCPF, é possível classificá-lo como calcita carbonatito primário devido à presença dominante de calcita, apresentando porções subordinadas (mm) de carbotermalito resultante da percolação de fluidos hidrotermais resultantes dos esforços tectônicos locais e intrusões graníticas.

Palavras Chave

Escudo Sul-rio-grandense; Minerais estratégicos; Elementos terras-raras;