Dados da Submissão

Título

Grupo Itararé: riscos e potencialidades como reservatório de petróleo, análogo exploratório e armazenamento de CO2 em uma unidade complexa da Bacia do Paraná.

Texto do resumo

Reservatórios do Grupo Itararé detém os principais resultados exploratórios da Bacia do Paraná, são utilizados como análogos para turbiditos de diversas bacias petrolíferas e possuem potencial como reservatórios de CO2 em projetos de CCS (Carbon Capture and Storage).
Na Bacia do Paraná os reservatórios do Gr. Itararé apresentaram acumulações subcomerciais e uma acumulação comercial de gás, o campo de Barra Bonita (PR). Os reservatórios são turbiditos com permoporosidade regular a boa para a produção de gás. As trapas são estruturadas e seladas por soleiras de diabásio. Até o momento, os possíveis selos de folhelhos negros e diamictitos desta unidade não mostraram ser suficientemente impermeáveis para trapear, por longo tempo, o gás gerado a partir do sistema petrolífero não convencional devido ao efeito térmico das intrusivas da Fm. Serra Geral em rochas geradoras da Fm. Ponta Grossa. A baixa qualidade sísmica, devido aos espessos derrames de basalto e intrusivas, a profundidade elevada e a baixa resolução sísmica dos reservatórios e soleiras apontam para elevados riscos e custos para a prospecção de hidrocarbonetos, bem como o aumento do tempo e custos de perfuração, em projetos onde o risco de encontrar trapas e geração/migração eficientes já são consideráveis.
Além do interesse exploratório o Gr. Itararé é utilizado como análogo para reservatórios de águas profundas, devido a presença de turbiditos canalizados e lobados, pelitos marinhos profundos e variados depósitos de fluxos gravitacionais, tais como deslizamentos, fluxos de detritos e escorregamentos, associações de fácies presentes nas principais áreas exploratórias para petróleo no Atlântico central e sul. Turbiditos são o principal play nas bacias de Punta del Este (Uruguai), Campos, Santos, Sergipe (Brasil), Guiana, Suriname, Golfo do México (EUA) e bacias de Orange (Namíbia) e Outeniqua (África do Sul/Índico), com grandes descobertas e volumes recuperáveis de bilhões de barris.
Diferentes unidades da Bacia do Paraná têm sido consideradas para projetos de CCS, destacando-se os reservatórios da Fm. Rio Bonito, do Grupo Itararé e as rochas geradoras das Fms. Ponta Grossa e Irati. Estudos iniciais da Petrobras e SGB/CPRM visam avaliar o potencial do Gr. Itararé para armazenar o CO2 oriundo das emissões da REPLAN (refinaria de Paulínia, SP). O foco inicial neste play se deve ao fato deste portar acumulações de gás confirmadas, pois a trapa contribui significativamente para a retenção do CO2, somando-se a outros processos físico-químicos. Estudos estratigráficos e faciológicos regionais e de detalhe, dados petrofísicos, de salinidade de águas de formação e análise de eletrofácies permitiu a caracterização de diferentes domínios, identificando intervalos com turbiditos, depósitos de rain-out e lamitos e depósitos de transporte de massa, com diferentes propriedades para o trapeamento de CO2. Os pontos positivos para o Itararé/CCS são que a unidade ocorre na região onshore, economicamente mais viável, com grande espessura, ampla distribuição de reservatórios, perto de fontes de CO2 (centros urbanos e indústrias). Os principais riscos são os elevados custos de perfuração e a baixa resolução sísmica para rastrear reservatórios e selos. Outras questões pertinentes são o tempo em que o CO2 supercrítico pode ser retido nas trapas e a possibilidade de precipitação de minerais pela reação do CO2 injetado com os minerais das soleiras e reservatórios.

Palavras Chave

Grupo Itararé; Bacia do Paraná; Exploração; Afloramentos análogos de reservatório de hidrocarbonetos; CCUS