51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

REGISTROS DA EVOLUÇÃO TECTÔNICA DA MARGEM SUDESTE DO BRASIL IMPRESSOS EM MÁRMORES NEOPROTEROZOICOS, ESPÍRITO SANTO (SE-BRASIL)

Texto do resumo

Diversas abordagens são utilizadas para a investigação da evolução tectônica das margens passivas, incluindo dados sísmicos offshore, termocronológicos de baixa temperatura, geocronológicos, modelos numéricos e dados estruturais de campo. Apesar disso, o conhecimento sobre a evolução tectônica das margens passivas ainda é incompleto, especialmente durante as etapas iniciais de rifteamento. Além disso, em margens passivas dominadas por climas tropicais e subtropicais, a ação do intemperismo e eventos de denudação obliteram os marcadores tectônicos. Nesse contexto, falhas exumadas em rochas carbonáticas podem preservar importantes registros da deformação rúptil devido à formação de estrias fibrosas originadas pela recristalização de minerais carbonáticos durante a movimentação tectônica. Na região Sul do Espírito Santo, Sudeste do Brasil, ocorre uma lente de mármore neoproterozoica de direção NE-SW com aproximadamente 4,5 km de extensão. Nesse sentido, este estudo objetiva analisar os regimes de paleotensores e a morfologia dos marcadores tectônicos presentes nessas unidades carbonáticas, buscando compreender os mecanismos envolvidos na evolução tectônica rúptil da margem continental. Para isso, foram realizados levantamentos de campo para a coleta de amostras e dados estruturais, como falhas e estrias de falhas. A análise dos dados estruturais foi realizada com foco na geometria, cinemática e distribuição espacial. As falhas levantadas em campo mostram em sua maioria estrias fibrosas do tipo sintaxiais (micro pull-apart), formadas por minerais carbonáticos neoformados. As falhas são normais a oblíquas, com direção preferencial NE-SW e médio a alto ângulo de mergulho. A inversão dos dados de falha mostrou compatibilidade com um regime de paleotensões do tipo transcorrente sinistral E-W, como eixo de máxima e mínima tensões orientadas a 022/18 e 117/13, respectivamente. Além disso, foram observados diques máficos toleíticos com evidente controle estrutural exercido por essas falhas. A correlação entre o regime de paleotensões obtido e os dados tectônicos regionais é dificultada pela presença de múltiplos eventos tectônicos que ocorreram na margem continental desde o Cretáceo Inferior até o Pleistoceno. No entendo, a morfologia das estrias, as taxas de denudação regionais, a ocorrência de diques máficos e a orientação dos paleotensores podem oferecer informações importantes para a compreensão desses eventos. Estudos recentes mostram que a origem de estrias fibrosas em carbonatos está comumente ligada a profunidades crustais entre 2 e 5 km. Adicionalmente, dados termocronológicos regionais indicam valores de denudação de 1,3 km durante o Cretáceo Inferior e valores entre 1,6 e 2,9 km na transição do Cretáceo Superior para o Paleógeno. Esses dados sugerem que a trascorrência sinistral E-W documentada neste estudo está ligada a processos de far-field-stress decorrentes da reativação de estruturas do embasamento em duas fases: (i) durante o rifteamento inicial no Cretáceo Inferior, associado a um regime de paleotensões distensivo NW-SE com controle estrutural de diques toleíticos e (ii) durante a formação das Serras do Mar e da Mantiqueira, na passagem do Cretáceo Superior e o Paleógeno, associado a uma transcorrência sinistral E-W. O entendimento dos processos formadores das estrias fibrosas presentes nessas falhas pode constituir marcadores tectônicos confiáveis para a compreensão da evolução de margens passivas.

Palavras Chave

Estrias de falha; Falhas rúpteis; Tectônica de margens passivas; Rochas carbonáticas.

Área

TEMA 17 - Tectônica e Evolução Geodinâmica

Autores/Proponentes

Thamiris dos Santos Tavares, Salomão Silva Calegari, Mirna Aparecida Neves