51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

GEOLOGIA DOS DEPÓSITOS MINERAIS DA REGIÃO DE ANTÔNIO PEREIRA, NO QUADRILÁTERO FERRÍFERO – MG

Texto do resumo

A Serra de Antônio Pereira materializa o flanco nordeste da Anticlinal de Mariana e é conhecida por abrigar importantes depósitos minerais, como os de ferro (Timbopeba), manganês (Miguel Congo), bauxita (mina abandonada), ouro (Rocinha e garimpo de Antônio Pereira), topázio imperial (garimpo) e uma ocorrência de barita. Os depósitos de ouro, topázio e bauxita ocorrem de forma bastante peculiar, onde as mineralizações encontram-se associadas a coberturas argilosas de cor avermelhada. O garimpo de ouro de Antônio Pereira foi lavrado por mais de 200 anos e constitui uma das maiores escavações garimpeiras do Quadrilátero Ferrífero. Segundo dados da literatura, o ouro está associado a arsenopirita limonitizada (com 2,6% Hg e 1,6% Ag), no minério denominado Bugre, que é uma massa argilo-arenosa de cor vermelho escuro, composta por variadas proporções de quartzo, óxi-hidróxidos de (Fe-Mn) e caulinita. O perfil de rocha alterada pode atingir 150m de espessura. O topázio imperial do garimpo de Antônio Pereira ocorre como cristais prismáticos e bem terminados, associado a caulinita, illita, quartzo, hidróxido de Fe-Mn, especularita, moscovita, rutilo, florencita, sulfetos limonitizados, rutilo e xenotima, dispostos em uma massa argilosa de cor castanho-avermelhada que pode atingir até 55m de espessura. A lavra de bauxita na Serra de Antônio Pereira teve início em 1916 e esteve em operação por períodos intermitentes até 1980. O minério tem aspecto argiloso, cor vermelho escuro e teor médio de 38,4% Al2O3 e 2,1% de sílica reativa. Estima-se que originalmente o depósito teria cerca de 40m de espessura, ocorrendo associado a cangas, cobrindo tanto horizontes de itabiritos como de filitos. O mapeamento estrutural de detalhe na Serra de Antônio Pereira permitiu a identificação da rotação de elementos estruturais, como lineação de interseção e eixos de dobras em torno de 30º a 40º em torno do pólo do acamamento no sentido horário. Esta rotação, provavelmente, está relacionada à Falha São Bento que promoveu a omissão do Grupo Caraça na zona periclinal da Anticlinal de Mariana. Esta, aliada à inversão de atitudes de camadas e a presença de um estrato de quartzito no meio do pacote das formações ferríferas indicam uma peculiar evolução estrutural na área do depósito de bauxita, que deve ter se originado a partir do preenchimento de um hemigrabem formado às custas de uma falha normal. Atualmente entende-se que os depósitos de ouro e topázio imperial de Antônio Pereira estejam relacionados a um forte intemperismo desenvolvido diretamente sobre as rochas da Formação Gandarela. A proximidade e similaridade geométrica entre esses depósitos abre portas para uma evolução similar à proposta para o depósito de bauxita. Adicionalmente, um sistema de veios de quartzo subverticais de direções N50E e S30E e eixo de dobra aberta com caimento para N60E são estruturas presentes na Serra de Antônio Pereira. Entende-se que este último acervo estrutural resulta do deslocamento conjunto do Lineamento Azimute 120º de Passagem de Mariana e Fundão sob um regime cinemático Riedel superposto do dextral sobre o sinistral.

Palavras Chave

Quadrilátero Ferrífero; Depósitos Minerais; Lineamento Azimute 120º; Anticlinal de Mariana

Área

TEMA 09 - Recursos Minerais, Metalogenia, Economia e Legislação Mineral

Autores/Proponentes

CARLOS EDUARDO REINALDO DELGADO, ARTHUR SOUZA AMARAL, BRUNO CÉSAR BARBOSA, ISSAMU ENDO