51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

FEIÇÕES DE INTERAÇÃO SEDIMENTO-LAVA NO CONTATO ENTRE AS FORMAÇÕES SAMBAÍBA E MOSQUITO – LIMITE JURÁSSICO-TRIÁSSICO DA BACIA DO PARNAÍBA

Texto do resumo

Resumo: A Província Magmática do Atlântico Central (CAMP) é uma Grande Província Ígnea (LIP), composta por uma série de ocorrências magmáticas com idades próximas ao limite Jurássico-Triássico, encontradas nas Américas, África e Europa. Na Bacia do Parnaíba, os basaltos da Formação Mosquito, datados de 199,7 ± 2,45 Ma, são pertencentes ao CAMP. Esses basaltos recobrem uma espessa acumulação eólica, de 400 metros, denominada de Formação Sambaíba. Essa unidade é caracterizada por arenitos quartzosos, finos a médios, bem selecionados, com sets de estratificações cruzadas de médio e grande porte. Recentemente, estudos apontaram que o último evento de sedimentação eólica da Formação Sambaíba estava ativo no momento da colocação dos primeiros derrames da Formação Mosquito, a partir de evidências de interação direta entre o sistema eólico e a atividade vulcânica. Este trabalho busca caracterizar e detalhar algumas das feições de interação sedimento-lava encontradas no contato entre as Formações Sambaíba e Mosquito, com objetivo de compreender quais estilos de emplacement das lavas geraram cada feição identificada. Para isso, foram realizadas a caracterização faciológica das rochas sedimentares em seções colunares e a análise morfológica detalhada das feições existentes na interface de contato entre as duas unidades. Fotografias foram agrupadas em painéis verticais e horizontais dos afloramentos de interesse. As feições caracterizadas ocorrem na superfície de topo de formas de leito eólicas e incluem: (1) Marcas em crescente - abarrotamentos de areia convexos, centimétricos a decimétricos, interpretados como deformações geradas na borda toes de lava. A convexidade aponta para o sentido local do fluxo das lavas; (2) Sulcos erosivos - feições erosivas alongadas, com até 15 centímetros de profundidade, associadas à erosão do substrato durante a passagem das frentes de lobos ou implementação de canais de lava; (3) Estrias - pequenas ranhuras milimétricas, indicam fluxo sobre o pavimento arenoso inconsolidado; (4) Impressões de cordas - concentração de protuberâncias centimétricas, com morfologia arqueada e regularmente espaçadas na superfície do arenito. São semelhantes às cordas de topo de unidades de lava pahoehoe. Indicam roll down da crosta superior das lavas para a base das unidades; (5) Dry peperites - Misturas de clastos vulcânicos juvenis com sedimentos arenosos, associados à incorporação dos sedimentos nas lavas durante emplacement em declives acentuados; (6) Injeções de areia – indicam a ocorrência de fluidização dos sedimentos, em virtude do aumento da pressão do fluído dos poros causada pelo acréscimo de carga ou temperatura. Além de feições superficiais, na sucessão vertical, foram identificadas dunas eólicas com a morfologia preservada no topo da Formação Sambaíba e como intertraps na Formação Mosquito. As ocorrências são semelhantes às relatadas no contato entre os arenitos eólicos da Formação Botucatu e as lavas pahoehoe da Formação Torres, Grupo Serra Geral da Bacia do Paraná. Nosso trabalho aponta que é possível caracterizar os mecanismos envolvidos na gênese de cada feição de interação, permitindo a reconstrução do emplacement das lavas sobre o sistema eólico. Tal caracterização vem a apoiar a hipótese de um progressivo soterramento do sistema eólico da Formação Sambaíba pelos fluxos de lavas, sem a existência de um hiato temporal significativo no contato Sambaíba-Mosquito.

Palavras Chave

pahoehoe; peperitos; fluxos de lava

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

Ronaldo Pinto Cechetti, Claiton Marlon dos Santos Scherer, Rossano Dalla Lana Michel, Fábio Herbert Jones, Adriano Domingos dos Reis