Dados da Submissão

Título

DEFINIÇÃO DAS UNIDADES HIDROESTRATIGRÁFICAS DO SINCLINAL DOM BOSCO, QUADRILÁTERO FERRÍFERO – MINAS GERAIS

Texto do resumo

O sinclinal Dom Bosco, localizado na porção sudoeste do Quadrilátero Ferrífero (QF), é uma formação geológica de significativa importância na região de Minas Gerais, abrangendo partes dos municípios de Ouro Preto, Ouro Branco, Mariana e Piranga. Essa megaestrutura representa uma área significativa do QF. No entanto, apesar de sua representatividade geológica e hidrogeológica, a literatura disponível revela uma escassez notável de estudos abrangentes e robustos nesta área específica, indicando uma carência substancial no entendimento das interações entre as formações geológicas e o regime hidrogeológico local. Este estudo objetivou realizar a caracterização das unidades hidroestratigráficas presentes no sinclinal Dom Bosco a fim de realizar uma caracterização preliminar para compreensão da dinâmica hidrogeológica. Uma unidade hidroestratigráfica é caracterizada como um agrupamento de formações geológicas ou uma porção específica de uma formação, apresentando uma permeabilidade adequada para permitir uma produção substancial de água por meio de poços ou nascentes (Miller, 1999). As unidades aquíferas foram classificadas neste estudo com base nos parâmetros hidrodinâmicos obtidos a partir do referencial teórico, a composição litológica das formações geológicas correlacionada com suas características hidrogeológicas, dados provenientes de instrumentos hidrogeológicos instalados na área de estudo, bem como informações sobre a ocorrência de nascentes e produtividade de poços de bombeamento. No sinclinal Dom Bosco foram mapeadas, da base para o topo, as rochas do Grupo Nova Lima, a Formação Moeda (Grupo Caraça), as formações Cauê e Gandarela (Grupo Itabira), as formações Cercadinho e Fecho do Funil (Grupo Piracicaba), as formações Estrada Real e Saramenha (Grupo Sabará) e formações indivisas do Grupo Itacolomi. Os resultados revelaram a presença de oito unidades hidroestratigráficas na área de estudo, incluindo cinco unidades aquíferas (Moeda, Cauê, Gandarela, Itacolomi e Aluvionar) e três aquicludes (Nova Lima, Piracicaba e Sabará). No Moeda foram encontrados valores de condutividade hidráulica (K) variando de 3,5 x 10^(-9) a 5,35 x 10^(-7); no Aquífero Cauê, variou de 3 x 10^(-10) a 2 x 10^(-2) m/s; no Aquífero Gandarela, variou de 〖4 x 10〗^(-9) a 9 x 10^(-6) m/s; no Aquífero Itacolomi, variou de 5 × 10^(-4) a 5×10^(-2) cm/s; no aquífero aluvionar, variou de 5 × 10^(-4) a 5 ×〖 10〗^(-2) m/s. Nos aquicludes Piracicaba e Sabará, os valores de T variaram de 1,1 x 10^(-6) a 5,8 m²/s, enquanto no Nova Lima foram mapeados poços com capacidade específica de 0,3 m³/h/m e nascentes com vazões médias de 1,1 m³/h. A significativa variação nos valores de condutividade hidráulica entre as diferentes unidades aquíferas destaca a heterogeneidade hidrogeológica da região. Essa variabilidade é crucial para compreender a capacidade de produção de água dos aquíferos e orientar práticas sustentáveis de uso e conservação dos recursos hídricos. Em suma, a caracterização das unidades hidroestratigráficas realizada neste estudo representa uma importante etapa no avanço do conhecimento da dinâmica hidrogeológica do sinclinal Dom Bosco, pois, este é o primeiro trabalho que define em escala regional as unidades hidroestratigráficas presentes nesta área.

Palavras Chave

Hidrogeologia; Caracterização Hidrogeológica; Água Subterrânea.