Dados da Submissão
Título
CONCENTRAÇÕES TOTAIS E EXTRAÍVEIS DE ELEMENTOS POTENCIALMENTE TÓXICOS EM SOLOS NATURALMENTE ENRIQUECIDOS DE CARAJÁS
Texto do resumo
Solos formados nas proximidades de áreas de mineração podem apresentar elevadas concentrações de elementos potencialmente tóxicos (EPT) de origem geogênica. Na Província Mineral de Carajás, com minas ativas de Fe, Cu, Mn e Ni, ocorrem solos enriquecidos em EPT o que reflete as características particulares desta excepcional província mineral. Embora os teores totais de EPT sejam necessários para avaliar os potenciais riscos ambientais, inclusive aos seres humanos, isoladamente eles não indicam com precisão os reais impactos. Isso ocorre porque, em geral, apenas uma parte dos teores totais presentes nos solos está biodisponível. Nesse contexto, procurou-se determinar os teores totais e extraíveis de EPT em solos naturalmente enriquecidos de Carajás. Para isso, foram coletadas amostras de solos nas proximidades dos corpos de minério de N1, N2 e N3 (na Serra Norte de Carajás; 15 amostras) e do depósito de cobre 118 (25 amostras). Os pontos amostrais foram definidos visando abranger as principais litologias identificadas nessas áreas. Após a coleta, as amostras foram submetidas a diferentes técnicas de extração química (digestão pseudo total - 3050B, extração Mehlich-1, fracionamento químico – técnica BCR, bioacessibilidade oral e pulmonar) e as concentrações de arsênio (As), bário (Ba), cádmio (Cd), cobalto (Co), cromo (Cr), cobre (Cu), molibdênio (Mo), níquel (Ni), chumbo (Pb), zinco (Zn) e mercúrio (Hg) foram determinadas. As concentrações totais de Cd (<0,5 mg/kg), Hg (<1 mg/kg), As (1 – 8 mg/kg), Co (1 – 20 mg/kg) e Pb (2 – 18 mg/kg) são baixas nas amostras de solo das áreas estudadas. Considerando os valores de background em solos superficiais da Bacia Hidrográfica do Rio Itacaiúnas para As (10,5 mg/kg), Co (43,7 mg/kg) e Pb (26,9 mg/kg), pode-se inferir que o grau de poluição dos solos analisados é baixo para esses elementos. Na Serra Norte, os percentuais máximos fitoextraíveis (Mehlich-1/total) foram bem inferiores às concentrações totais: Cr (2,5%) < Ba (5,2%) < Pb (7,5%) < As = Mo = Ni (10%) < Zn (19%) < Cu (29%), exceto no caso do Co (60%). Tendência semelhante foi observada nas amostras coletadas nas proximidades do depósito de cobre 118, onde foram encontrados valores inferiores a 23% (Ba: 0,4 - 13%; Cr: 0 - 0,7%; Ni: 0,6 - 17%; Pb: 0,6 - 3%; Zn: 0,2 - 22%), com exceção do Co (5 a 100%) e Cu (0,5 a 35%). Várias amostras apresentaram concentrações totais de Cu e Cr excedendo o Valor de Prevenção (CONAMA 420/2009). Porém, em geral, os resultados do fracionamento químico revelaram que, nas duas áreas avaliadas, os EPT se associam preferencialmente à fração residual, com variações entre as frações para as áreas e elementos. Em ambas as áreas, as concentrações bioacessíveis por via pulmonar encontram-se abaixo do limite de detecção (LD) para todos os elementos, exceto Ba (2 – 8 mg/kg), enquanto as concentrações na fase gástrica e intestinal (bioacessibilidade oral) foram menores que os valores de LD para As, Cd, Hg, Mo e Pb. As maiores concentrações para bioacessibilidade gástrica e intestinal foram observadas para o Cu (146 e 193 mg/kg, respectivamente). Os resultados desse estudo sugerem que os teores totais, para os elementos considerados, não implicam risco ambiental expressivo para a maioria das amostras, exceto se ocorrer a remobilização desses elementos para frações mais móveis.
Palavras Chave
biodisponibilidade; bioacessibilidade; Mineração; fracionamento químico; Amazônia brasileira
Área
TEMA 11 - Mapeamento Geoquímico Multipropósitos
Autores/Proponentes
Gabriel Caixeta Martins, Leiliane Bozzi Zeferino, Sílvio Junio Ramos, Gabriel Negreiros Salomão, José Tasso Felix Guimarães, Paula Godinho Ribeiro, Wendel Valter da Silveira Pereira, Marcio Sousa da Silva, Michelle Matos de Sousa, Roberto Dall’Agnol