51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

CARACTERIZAÇÃO DE SEDIMENTOS/VESTÍGIOS ADERIDOS A TAPETES DE GARIMPO ILEGAL POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA

Texto do resumo

Nos últimos anos, a extração ilegal do ouro por meio dos garimpos vem sendo realizada de forma depredatória. Em geral, a atividade garimpeira se instala em rios ou próxima a aluviões, com a utilização de balsas e dragas, que lançam o substrato fluvial coletado sobre tapetes em calhas. Esses tapetes, por sua vez, funcionam como armadilhas para a captura do ouro. Diante de todos os problemas causados por essa atividade, é necessário criar ações acerca da rastreabilidade do ouro, para embasar as decisões do poder público. A respeito da rastreabilidade, pressupõe-se que o ouro de cada depósito possua uma assinatura característica, devido à variabilidade mineralógica, morfológica, geoquímica e evolução geológica de cada local. Logo, investigar e caracterizar o material sedimentar proveniente de garimpos de diferentes locais do país, se torna uma ferramenta essencial para definir uma assinatura dos sedimentos e servir como base para estudos de rastreabilidade do ouro. Neste sentido, o presente trabalho pretende apresentar um procedimento padrão de amostragem de tapetes de garimpo ilegal apreendidos pela Polícia Federal, e caracterizar o material sedimentar aderido a eles para determinar suas assinaturas. A caracterização dos sedimentos será realizada por microscopia ótica e microscopia eletrônica de varredura com EDS (MEV-EDS). Os resultados iniciais das análises de três tapetes, sendo dois do Estado do Pará, pertencentes a mesma área garimpeira, e um do Rio de Janeiro, mostram que há dois tipos de tapetes usados por garimpeiros. O primeiro tipo identificado é o capacho de vinil, com fibras grossas e entrelaçadas, formando tramas com aberturas largas de até 5 mm, emborrachados na parte inferior. O segundo tipo é o capacho de fibras sintéticas finas, altas e entrelaçadas, formando trama com aberturas estreitas <1 mm. Para extrair o material sedimentar aderido aos tapetes, adotou-se a padronização de cortes de 20x20 cm, com posterior separação do fundo emborrachado, lavagem em recipiente com água destilada, filtragem e secagem. De modo geral, o material sedimentar coletado nos tapetes do Pará é mal selecionado, com predominância de silte quartzoso. Os grãos maiores possuem até 5 mm e incluem fragmentos líticos, filossilicatos, quartzo e minerais opacos. As análises por MEV-EDS identificaram Si, Al, Mg, Ti, Cr, Fe, Cu, e S, e sugerem a presença de silicatos de Fe e Mg, óxidos de Fe e Ti, calcopirita e pirita, esta possui tamanhos de 500 nm a 2 µm e hábito octaedro. O material sedimentar coletado no tapete do Rio de Janeiro é predominantemente arenoso, bem selecionado, composto principalmente por quartzo, feldspato, magnetita, filossilicatos, zircão, monazita e fragmentos líticos. As análises de MEV-EDS identificaram, além de silicatos de Fe, Mg e óxidos de Fe, a presença de Ti, Ca, Ba, S, P e ETR, sugestivo de titanita, barita e monazita. A monazita identificada no MEV possui tamanhos a partir de 500 nm, e as análises de EDS identificaram até 3,5% peso de Ag na sua composição. A partir destes resultados iniciais, nota-se que os sedimentos dos tapetes são distintos, possuem variabilidade na granulação, composição mineralógica e química. Com o avanço na caracterização, espera-se contribuir de forma significativa com a construção da rastreabilidade do ouro em conjunto com o Programa Ouro Alvo da Polícia Federal.

Palavras Chave

Rastreabilidade de sedimentos; Geologia Forense; Microvestígios

Área

TEMA 07 - Geoquímica Médica e Forense

Autores/Proponentes

Juliana Jesus Costa, Leonardo Evangelista Lagoeiro, Carlos Conforti Ferreira Guedes, Fábio Augusto Silva Salvador