Dados da Submissão
Título
ANÁLISE DA VARIABILIDADE GEOQUÍMICA SAZONAL DE SEDIMENTOS DE FUNDO ESTUARINOS DA BAÍA DE SÃO MARCOS, NO ESTADO DO MARANHÃO
Texto do resumo
Os estuários são ecossistemas de transição onde águas continentais e marinhas se encontram, produzindo gradientes físico-químicos com variabilidade sazonal. Os sedimentos desse ambiente possuem capacidade de acumular elementos químicos como metais-traço e elementos potencialmente tóxicos, atuando como reservatórios químicos mesmo após a redução da fonte de contaminação. A baía de São Marcos (BSM), norte do Maranhão, é um dos maiores estuários da costa brasileira, recebendo sedimentos dos rios Pindaré e Mearim, que drenam a área onde residem cerca de 35% da população do estado. A Ilha do Maranhão (Ilha de São Luís), borda leste da BSM, possui um importante complexo portuário responsável por grande parte do escoamento da produção de minério de ferro, cobre e manganês do estado do Pará, além de um parque industrial de processamento de bauxita. Esta pesquisa analisou sedimentos de fundo da BSM coletados em área próxima do complexo portuário durante o período pouco chuvoso do ano de 2022 (22mm/mês), e chuvoso de 2023 (292mm/mês). O objetivo foi identificar e quantificar a variabilidade geoquímica de 8 elementos químicos potencialmente tóxicos (EPT) com valores de qualidade ambiental referenciados na resolução CONAMA n°454/12. Foram amostrados 121 pontos, com distância regular de 1km, distribuídos ao longo da margem oeste de São Luís, desde Porto Grande até a foz do Rio Anil. A análise química foi executada por laboratório acreditado de acordo com o método USEPA 3051A, onde a amostra bruta foi submetida à secagem em estufa a 70°C, desagregada, e então peneirada a 80 mesh (0,177mm) e novamente a 200 mesh (<75µm). Procedeu-se com a abertura a partir da digestão ácida com água régia (digestão parcial), e os teores foram determinados por ICP-OES. Os resultados foram analisados através de estatística descritiva e multivariada, e posteriormente georreferenciados para geração de mapas de distribuição espacial. Durante a estação climática seca, os valores de mediana obtidos para As (4,19 mg.Kg-1), Cd (0,01 mg.Kg-1), Cr (17,17 mg.Kg-1), Cu (5,76 mg.Kg-1), Hg (0,01 mg.Kg-1), Ni (6,87 mg.Kg-1), Pb (8,57 mg.Kg-1) e Zn (15,49 mg.Kg-1) encontraram-se abaixo do índice de prevenção N1, e para os valores máximos, o cobre esteve acima do referencial de N1 em apenas 1 amostra analisada (45,8 mg.Kg-1). Para o período chuvoso, também foram obtidas medianas abaixo dos valores de N1 para As (4,50 mg.Kg-1), Cd (0,02 mg.Kg-1), Cr (20,07 mg.Kg-1), Cu (6,79 mg.Kg-1), Hg (0,02 mg.Kg-1), Ni (7,69 mg.Kg-1), Pb (5,71 mg.Kg-1) e Zn (18,71 mg.Kg-1), porém níquel esteve discretamente acima de N1 em 1 amostra (21,6 mg.Kg-1). Dos 8 elementos avaliados, somente chumbo não apresentou enriquecimento relativo no período chuvoso. O mapeamento geoquímico demonstrou que as elevações mais significativas de teores dos EPTs foram encontradas em áreas próximas a manguezais, planícies de maré, e do complexo portuário. Estes ambientes apresentam condições redox favoráveis à decomposição da matéria orgânica, o que influencia a especiação dos metais pesados. Como resultado, esses elementos podem precipitar-se sobre os sedimentos de fundo como sulfetos insolúveis ou ser reduzidos a formas mais estáveis e menos tóxicas. A elevação nos teores observados pode estar relacionada ao aumento do aporte sedimentar continental de áreas antropomorfizadas para o estuário, mais expressivo durante a estação climática chuvosa.
Palavras Chave
Geoquímica ambiental; Baía de São Marcos; Elementos Potencialmente Tóxicos; Mapeamento Geoquímico; CONAMA
Área
TEMA 11 - Mapeamento Geoquímico Multipropósitos
Autores/Proponentes
Alessandro Sabá Leite, Marcondes Lima Costa, Pedro Walfir Martins Souza-Filho, Diogo Corrêa Santos, João Paulo Nobre Lopes, Artur Gustavo Miranda, Wilson Nascimento-Júnior