Dados da Submissão
Título
AVALIAÇÃO DA DISPONIBILIDADE HIDROGEOLÓGICA DO AQUÍFERO GANDARELA NA PORÇÃO OESTE DA SERRA DO CURRAL, BRUMADINHO MG
Texto do resumo
A Serra do Curral é reconhecida por seu vasto registro paisagístico, geológico e hidrogeológico. Localiza-se nas proximidades da cidade de Belo Horizonte (BH), e está inserida no contexto geológico do Quadrilátero Ferrífero, uma notória província mineral do Brasil. Além disso, abriga importantes aquíferos, que são responsáveis por parte do abastecimento da região metropolitana de BH. Neste sentido, destaca-se a unidade aquífera Gandarela. Com o intuito de avançar no conhecimento desse aquífero, dados de monitoramento fluviométricos, pluviométricos e de estações climatológicas próximas foram compilados para avaliação da recarga das unidades hidrogeológicas, do balanço hídrico, e da disponibilidade aquífera local. Foram utilizados dados de bases públicas, bem como de operações minerais publicados em relatórios anuais de condicionantes de outorgas de direito de uso. A recarga foi estimada pelo método do filtro numérico recursivo proposto por Eckardt (2005), combinado com a abordagem de parâmetros de Collishonn e Fan (2012). Para tanto, foram selecionados dados de estações fluviométricas cujos trechos a montante drenassem somente ao longo do Gandarela. Com isso obteve-se os valores de recarga para esta unidade em específico. Foram selecionadas 4 estações fluviométricas em afluentes dos córregos Corredor, Engenho Seco e Jangada. Os resultados avaliados mostraram escoamentos de base médios de 24,07 m³/h no aquífero Gandarela, além de recargas em torno de 9,5%, da precipitação média da região. Ressalta-se que a pluviometria média calculada pelo método de Thiessen (1911) foi de 1306,53 mm/ano a partir de 4 estações (Jangada, Melo Franco, Escola de Veterinária e Córrego do Feijão). Para análise do balanço hídrico, além dos dados pluviométricos médios, foram compilados dados climatológicos mensais da estação Cercadinho (F501) do INMET, entre os anos de 2014 e 2023. O balanço hídrico foi consolidado pela planilha automatizada proposta por Rolim, Sentelhas e Barbieri (1998), que ao lançar mão do método de Thorntwaite e Mather (1955), obtém os valores de excedentes, déficits e evapotranspirações real e potencial. Considerou-se o parâmetro CAD (Capacidade de Armazenamento do Solo) igual a 100 mm, conforme detalhado por Magalhães et al (2022). No período analisado, obteve-se déficit médio de 116,6 mm, excedente médio de 496,8 mm, e valores de evapotranspiração real média em torno de 797,2 mm. Conforme esperado e monitorado, os meses de abril a outubro apresentaram déficit de água no sistema, e os meses de novembro a março, maiores excedentes. Durante os períodos de estiagem, a capacidade de armazenamento do solo não é alcançada, cessando os processos de infiltração e recarga aquífera, favorecendo descargas aquíferas nos cursos d’água perenes. Durante períodos chuvosos, ainda que ocorra escoamento superficial direto, a capacidade de armazenamento do solo é alcançada, ocorrendo então recarga aquífera nesses períodos. O excedente hídrico do balanço representa a soma dos escoamentos superficial, subterrâneo e capilar, além da recarga subterrânea efetiva. Considerando-se a área de estudos sem interferência significativa de bombeamentos, uma vez que as minas existentes na região estão paralisadas, sem recarga de fonte externa, e que toda a reserva renovável (recarga) seja disponibilizada para explotação, estima-se um volume potencial disponível da ordem de 560 mil m³ para o Gandarela dentro dos limites da área de estudos.
Palavras Chave
Aquífero Carstico; Eckhardt (2005); Separação Hidrogramas; Balanço Hídrico; Recarga aquífera
Área
TEMA 02 - Recursos Hídricos e Geociências Ambientais
Autores/Proponentes
Alex Rodrigues de Freitas, Rodrigo Sérgio De Paula, Paulo Henrique Ferreira Galvão