51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

DESCRIÇÃO DE FÓSSEIS DE MORCEGOS DE DEPÓSITOS DA CAVERNA TOCA DA BOA VISTA (BA) E SUAS IMPLICAÇÕES PALEOAMBIENTAIS, PALEOBIOGEOGRÁFICAS E PALEOECOLÓGICAS

Texto do resumo

A Chapada Diamantina registra 27 espécies da paleofauna quaternária de morcegos, das quais 19 foram encontradas na Toca da Boa Vista (município de Campo Formoso, BA) e apenas 4 vivem atualmente nessa caverna. O registro de espécies já extintas nessa caverna pode sugerir diferentes momentos de ocupações pelas colônias de morcegos, pelo menos entre o Pleistoceno e início do Holoceno. Acumulações de esqueletos de morcegos próximas ao salão dos Discos Voadores, na área da Boa Vista Clássica, em direção à trilha para Açungui, ocorrem logo abaixo de uma camada de calcita, datada entre 10,8 ka e 275,2 ka. Essas acumulações podem ser representadas por uma ou mais espécies. No entanto, não há descrição na literatura de detalhes morfológicos e anatômicos dos morcegos associados a essas camadas datadas. Este trabalho busca descrever esses restos coletados e identificar sua classificação taxonômica, para avaliar o possível impacto de mudanças ambientais na distribuição temporal desses morcegos no Quaternário na região. Os fósseis passaram por triagem em laboratório, abrangendo a identificação, caracterização e medição de ossos com lupa de mesa com aumento de 8:1, e depois se procedeu à identificação das espécies. Com base em caracteres diagnósticos dos úmeros encontrados, os elementos estudados até o momento pertencem a Mormoops megalophylla. Feições anatômicas do úmero foram decisivas para sua identificação, apresentando na parte distal da face posterior uma crista posterolateral marcada, bordas do capítulo sinuosas em seu perfil aproximadamente cilíndrico e processo espinhoso pronunciado. Este táxon ocorre atualmente no sul da América do Norte, em uma porção centro-norte na América Central, ao longo das costas caribenhas da América do Sul e na costa da Colômbia e Equador. A presença dos restos de como M. megalophylla em localidades que hoje são marcadamente semiáridas, como é o ambiente da Caatinga nas imediações da caverna, sugere que suas populações já estiveram no território brasileiro em tempos pretéritos de ambientes mais úmidos. Essas relações ecológicas podem ter se desenvolvido em momentos em que as dinâmicas ambientais estabeleciam condições diferentes das atuais, entre o Pleistoceno e o Holoceno. O desaparecimento de M. megalophylla do Brasil pode demonstrar que os fenômenos deflagradores de sua extinção regional não afetaram em mesma escala, ou simplesmente não foram decisivos, para as espécies existentes atualmente na Toca da Boa Vista.

Palavras Chave

Chiroptera; Carste; acumulação; Quaternário; Brasil

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

Danilo Lopes Rosa, Alexandre Liparini, Millena Naime, André Gomide Vasconcelos, Fernanda Quaglio