51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS CONCENTRAÇÕES DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS (HPAS) EM SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA LAGOA DA TIJUCA (RIO DE JANEIRO, RJ).

Texto do resumo

A Lagoa da Tijuca (zona oeste da cidade do Rio de Janeiro) sofre, ao longo das décadas, com processos de assoreamento, eutrofização e contribuições fluviais contaminadas por rejeitos industriais, além do intenso tráfego de embarcações e de veículos em seu entorno. Estes processos podem induzir anomalias de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), potencialmente danosos à biota aquática e populações humanas. O presente trabalho consiste na avaliação das concentrações de Naftaleno (NAF), Acenafteno (ACE), Acenaftileno (ACT), Fluoreno (FLU), Fenantreno (FEN), Antraceno (ANT), Fluoranteno (FLT), Pireno (PIR), Benzo[a]antraceno (BaA), Criseno (CRI), Benzo[a]pireno (BaP), Dibenzo[a,h]antraceno (DahA), Benzo[ghi]perileno (BghiP), indeno(1,2,3-cd)pyrene (I123P), Benzo(K)fluoranteno (BkF), Benzo(e)pireno (BeP), benzo(j)fluoranteno (BjF) e somatório de HPAs (∑HPA) em sedimentos de fundo da Lagoa da Tijuca. Para tanto, foram coletadas 23 amostras de sedimentos com o auxílio de uma draga Van Veen em gradiente espacial ao longo da lagoa. As amostras, em campo, foram armazenadas em recipientes de metal e os HPAs em laboratório foram determinados por Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas. O grau de contaminação foi avaliado com base (i) na comparação os valores orientadores da Res. 454 do CONAMA (2012), que estabelece Nível 1 e 2, respectivamente, baixa e alta probabilidade de efeitos tóxicos à biota; (ii) avaliação da origem dos HPAs (petrogênicos, pirolíticos ou misto) com base nas razões de Fen/Ant e Flr/Pir; e (iii) determinação da granulometria dos sedimentos. Os resultados revelaram que a Lagoa da Tijuca pode, do ponto de vista granulométrico, ser dividida em dois setores: um arenoso (n = 8; mais influenciado pelo oceano e contribuições fluviais de alta energia, como o Rio Itanhangá); e um lamoso (n = 15; menos influenciado pelo mar e com contribuições de rios de baixa energia, como o Rio das Pedras). A concentração média ΣHPA nos sedimentos foi de 795,4 ± 1146 ng/g (n = 23), com um desvio padrão que demonstra alta variabilidade espacial das concentrações em função da granulometria. Considerando-se o cenário geral (n = 23), os compostos com maiores médias (em ng/g) são: FLT (269,0 ± 880,7), PIR (65,17 ± 82,53) e CRI (63,11 ± 141,6). A grande maioria dos HPAs (exceto FLU e DahA) apresenta concentrações maiores no setor lamoso (origem mista), em comparação com o arenoso. De fato, as razões envolvendo as médias dos setores lamoso/setor arenoso (L/A) apresentam valores ≥ 2,0 para a grande maioria dos compostos avaliados, ou seja, no setor lamoso, as concentrações médias são pelo menos o dobro daquelas encontradas no setor arenoso. Isso indica que os HPAs têm um comportamento geoquímico comum relacionado à fixação pelas partículas mais finas dos sedimentos (maior superfície de contato) e pela matéria orgânica. No caso das comparações com os valores orientadores da Res. 454 do CONAMA (2012), casos de não-conformidade foram pontuais, estando acima do Nível 1 apenas os seguintes compostos: DahA em uma área de saco no setor arenoso; CRI em um ponto do setor lamoso; e FEN, ANT e FLT em outro ponto do setor lamoso, cujos teores, principalmente o FLT, contribuíram para que o valor do ΣHPA também ultrapassasse o Nível 1 (isto é, um hot-spot de contaminação). Por fim, os níveis de contaminação por HPAs foram geralmente baixos e sua distribuição esteve condicionada à granulometria dos sedimentos.

Palavras Chave

Ecotoxicologia; Hidrocarbonetos; Lagoa

Área

TEMA 02 - Recursos Hídricos e Geociências Ambientais

Autores/Proponentes

Pedro Zanetti, Matheus Teixeira, Celeste Siqueira, Lourenço Rodrigo, Zuleica Castilhos, Helena Polivanov, Ricardo Cesar