Dados da Submissão
Título
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS CONCENTRAÇÕES DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS (HPAS) EM SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DA LAGOA DA TIJUCA (RIO DE JANEIRO, RJ).
Texto do resumo
A Lagoa da Tijuca (zona oeste da cidade do Rio de Janeiro) sofre, ao longo das décadas, com processos de assoreamento, eutrofização e contribuições fluviais contaminadas por rejeitos industriais, além do intenso tráfego de embarcações e de veículos em seu entorno. Estes processos podem induzir anomalias de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), potencialmente danosos à biota aquática e populações humanas. O presente trabalho consiste na avaliação das concentrações de Naftaleno (NAF), Acenafteno (ACE), Acenaftileno (ACT), Fluoreno (FLU), Fenantreno (FEN), Antraceno (ANT), Fluoranteno (FLT), Pireno (PIR), Benzo[a]antraceno (BaA), Criseno (CRI), Benzo[a]pireno (BaP), Dibenzo[a,h]antraceno (DahA), Benzo[ghi]perileno (BghiP), indeno(1,2,3-cd)pyrene (I123P), Benzo(K)fluoranteno (BkF), Benzo(e)pireno (BeP), benzo(j)fluoranteno (BjF) e somatório de HPAs (∑HPA) em sedimentos de fundo da Lagoa da Tijuca. Para tanto, foram coletadas 23 amostras de sedimentos com o auxílio de uma draga Van Veen em gradiente espacial ao longo da lagoa. As amostras, em campo, foram armazenadas em recipientes de metal e os HPAs em laboratório foram determinados por Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas. O grau de contaminação foi avaliado com base (i) na comparação os valores orientadores da Res. 454 do CONAMA (2012), que estabelece Nível 1 e 2, respectivamente, baixa e alta probabilidade de efeitos tóxicos à biota; (ii) avaliação da origem dos HPAs (petrogênicos, pirolíticos ou misto) com base nas razões de Fen/Ant e Flr/Pir; e (iii) determinação da granulometria dos sedimentos. Os resultados revelaram que a Lagoa da Tijuca pode, do ponto de vista granulométrico, ser dividida em dois setores: um arenoso (n = 8; mais influenciado pelo oceano e contribuições fluviais de alta energia, como o Rio Itanhangá); e um lamoso (n = 15; menos influenciado pelo mar e com contribuições de rios de baixa energia, como o Rio das Pedras). A concentração média ΣHPA nos sedimentos foi de 795,4 ± 1146 ng/g (n = 23), com um desvio padrão que demonstra alta variabilidade espacial das concentrações em função da granulometria. Considerando-se o cenário geral (n = 23), os compostos com maiores médias (em ng/g) são: FLT (269,0 ± 880,7), PIR (65,17 ± 82,53) e CRI (63,11 ± 141,6). A grande maioria dos HPAs (exceto FLU e DahA) apresenta concentrações maiores no setor lamoso (origem mista), em comparação com o arenoso. De fato, as razões envolvendo as médias dos setores lamoso/setor arenoso (L/A) apresentam valores ≥ 2,0 para a grande maioria dos compostos avaliados, ou seja, no setor lamoso, as concentrações médias são pelo menos o dobro daquelas encontradas no setor arenoso. Isso indica que os HPAs têm um comportamento geoquímico comum relacionado à fixação pelas partículas mais finas dos sedimentos (maior superfície de contato) e pela matéria orgânica. No caso das comparações com os valores orientadores da Res. 454 do CONAMA (2012), casos de não-conformidade foram pontuais, estando acima do Nível 1 apenas os seguintes compostos: DahA em uma área de saco no setor arenoso; CRI em um ponto do setor lamoso; e FEN, ANT e FLT em outro ponto do setor lamoso, cujos teores, principalmente o FLT, contribuíram para que o valor do ΣHPA também ultrapassasse o Nível 1 (isto é, um hot-spot de contaminação). Por fim, os níveis de contaminação por HPAs foram geralmente baixos e sua distribuição esteve condicionada à granulometria dos sedimentos.
Palavras Chave
Ecotoxicologia; Hidrocarbonetos; Lagoa
Área
TEMA 02 - Recursos Hídricos e Geociências Ambientais
Autores/Proponentes
Pedro Zanetti, Matheus Teixeira, Celeste Siqueira, Lourenço Rodrigo, Zuleica Castilhos, Helena Polivanov, Ricardo Cesar