Dados da Submissão

Título

CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA EM REGIMES INSULARES: ILHA DO CAPIM, ABAETETUBA (PA)

Texto do resumo

A região amazônica, apesar da grande disponibilidade de água doce superficial, enfrenta graves problemas de abastecimento, principalmente em razão de uma rede de distribuição bastante deficitária. Tal situação se repete no município de Abaetetuba, localizado no nordeste do estado do Pará, e que possui um conjunto de ilhas e comunidades ribeirinhas integrando seus limites territoriais, destacando-se entre elas a Ilha do Capim. Dada a significativa distância do centro do município, o acesso à água pelos moradores dessa ilha ocorre majoritariamente por captação subterrânea, predominando na área condições de aquífero livre de elevada vulnerabilidade como a fonte mais acessível para a maioria da população local. O contexto hidrogeológico local caracteriza-se por: Formação Barreiras (25 a 90m); Pós-Barreiras (<25 m); e Aluviões (<10m). Portanto, este trabalho objetivou analisar a dinâmica insular e avaliar o uso potencial das águas subterrâneas consumidas na Ilha do Capim (Abaetetuba, PA). Foram executadas etapas de campo nos períodos chuvoso e menos chuvoso (fevereiro de 2024 e setembro de 2023, respectivamente) visando avaliar a potabilidade da água de 6 poços (escavados e tubulares) utilizados pelos habitantes da ilha; poços os quais foram nomeados de A a F. Os principais parâmetros físico-químicos (pH, condutividade elétrica e STD (Sólidos Totais Dissolvidos)) das águas subterrâneas foram analisados “in situ” através de sonda multiparamétrica. Para as análises “ex situ”, a determinação da turbidez e do ferro total ocorreu por meio de espectrofotometria, já a quantificação dos cátions (nitrato e cloreto) e ânions (amônio, potássio, sulfato e sódio) foi realizada mediante cromatografia líquida. Entrevistas também foram realizadas com os moradores da ilha para melhor compreender as principais dinâmicas socioambientais relativas ao consumo da água subterrânea. Em campo foi verificado que vários poços encontravam-se muito próximos das áreas de várzea, onde ocorre alagamento periódico, dada a influência das marés. Os poços amostrados acompanharam as principais características reportadas pela literatura para a hidrogeologia da região, como características de aquífero livre ou semiconfinado e pH tendendo ao ácido. Nos períodos analisados, os valores de ferro registrados em dois poços (B e D) excederam o valor máximo permitido (VMP) para consumo humano (0,3 mg/l), estabelecido pela Portaria GM/MS Nº 888; enquanto o VMP de turbidez foi ultrapassado em “D”. Devido os sedimentos Pós-Barreiras terem o contato inferior com a Formação Barreiras marcado pela presença de fragmentos de arenitos ferruginosos, o comportamento do ferro foi o esperado, portanto mesmo em condições de volume maior de chuvas e potencial de recarga, ainda foi elevado em dois poços. Apesar dos resultados obtidos para nitrato não excederem o VMP, esses demandam atenção, pois através das entrevistas com residentes apontou-se que a maioria dos poços amostrados estão dispostos em proximidade de fossas negras, constituindo um possível risco de contaminação. O caráter insular local e as profundidades rasas dos poços foram traduzidas pelo comportamento dos parâmetros nos períodos chuvoso e menos chuvoso. As entrevistas realizadas destacaram a forte dependência do abastecimento subterrâneo, destacando aspectos sobre a segurança hídrica, onde mesmo na condição de presença quantitativa de água, esta não expressa o fornecimento qualitativo para o consumo humano.

Palavras Chave

usos da água; freático; segurança hídrica; regiões insulares