51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

CARACTERIZAÇÃO SEDIMENTOLÓGICA E ESTRATIGRÁFICA DE ALTA RESOLUÇÃO EM UMA SEQUÊNCIA T-R DO DEVONIANO DA BACIA DO PARANÁ

Texto do resumo

As rochas microclásticas do Devoniano da Bacia do Paraná (Formação Ponta Grossa) são bem conhecidas do ponto de vista geoquímico, organofaciológico e paleontológico. Todavia, devido à dificuldade de observação de suas partículas e estruturas, as descrições são, em geral, pouco detalhadas do ponto de vista sedimentológico, principalmente se posicionadas em um arcabouço estratigráfico sequencial. Com base nisto, o presente estudo objetiva a caracterização sedimentológica (em escalas macro- e microscópicas) e estratigráfica de alta resolução de uma sequência transgressiva-regressiva (T-R) de 3ª ordem identificada no testemunho de sondagem do poço 2-TB-1-PR, adquirido na borda leste da Bacia do Paraná. Essa sequência estende se entre ~170 e 210 m de profundidade do testemunho, e é formada por espessas camadas de argilitos, rochas com acamamento heterolítico lenticular e fláser e siltitos médios a grossos. Considerando os aspectos texturais e o índice de bioturbação, foram caracterizadas sete fácies sedimentares (Al, Ar, He, Heb, Hf, Sb e Sib), que, a partir de observações em lâminas petrográficas, foram detalhadas em sete microfácies (A1, A2, A3, H1, H2, S1 e S2). As fácies e microfácies indicam deposição em um ambiente marinho plataformal, sob ação constante de ondas de tempestade. Os argilitos laminados e com acamamento riscado das fácies Al e Ar retratam a deposição de mais baixa energia da sucessão analisada. Depositados sob maior lâmina d’água, indicam que mesmo abaixo do nível base de ação de ondas de tempestade a sedimentação ocorre de forma dinâmica, com constante aporte de silte proveniente da remobilização de sedimentos da plataforma interna para a externa, em eventos de alta energia. Por outro lado, os siltitos das fácies Sb e Sib representam a deposição de mais alta energia, indicando que condições mais proximais, acima do nível base de ação de ondas normais, não são atingidas e a deposição concentra-se na região de transição entre o shoreface e o offshore. A relação vertical e o padrão de empilhamento das fácies permitiram a identificação de cinco sucessões de fácies (SF-A, SF-B, SF-C, SF-D e SF-E), intimamente relacionadas com o arcabouço estratigráfico de 3ª ordem. SF-A ocorre exclusivamente na base do intervalo de estudo, marcando o início da transgressão. Enquanto SF B, SF-C e SF-D intercalam-se ao longo do trato de sistema transgressivo (TST) e do trato de sistema regressivo (TSR), indicando que contextos deposicionais semelhantes ocorrem repetidamente, controlados pela oscilação do nível do mar. As condições de maior lâmina d’água são atingidas em SF D, onde predominam as fácies Al e Ar. Já SF-E, ocorre no topo do intervalo de estudo, marcando as condições de deposição de mais alta energia, que ocorre em contexto regressivo. As sucessões de fácies indicam uma ciclicidade de alta frequência, interna a sequência T-R de 3ª ordem, que é ressaltada pelo comportamento da curva de raio-gama, utilizada neste estudo de caso para mapear ciclos T-R de 4ª ordem. Estes, trazem um detalhamento ainda maior para o intervalo de estudo e permitem a identificação de ciclos completos associados a uma única fácies (e.g. Ar e Sib), destacando a importância de estudos integrados entre fácies e microfácies para uma melhor compreensão de sucessões essencialmente argilosas, algo fundamental para aprimorar o entendimento sobre a evolução de sistemas dominados por lama e o quão variáveis estas rochas podem se apresentar no registro geológico.

Palavras Chave

Rochas de granulometria fina; Fácies e microfácies; Estratigrafia de alta resolução; Formação Ponta Grossa.

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

Arthur Alves Fernandes, Josiane Branco Plantz, Thiago Gonçalves Carelli, Leonardo Borghi