Dados da Submissão
Título
CAPACIDADE FITOEXTRATORA DE Fe PELA Lactuca sativa L. – ANÁLISE DE SOLO CONTAMINADO NAS MINAS DO CAMUQUÃ – CAÇAPAVA DO SUL/RS.
Texto do resumo
A mineração é vital para a indústria mundial, mas traz impactos ambientais graves, como desmatamento, erosão do solo e perda de biodiversidade, além de contribuir para a poluição do ar. Soluções incluem práticas responsáveis, como a recuperação de áreas degradadas. O estudo busca investigar o potencial fitorremediador para o íon ferro 2+ (Fe2+) da espécie vegetal Lactuca sativa L. (alface). Para isso, foram utilizadas amostras de solo coletadas in sito em área de depósito de rejeito de mineração no distrito de Minas do Camaquã, em Caçapava do Sul, e solo artificialmente contaminado com FeSO4. Posteriormente foram analisadas as características físico-químicas do solo (pH, condutividade, umidade gravimétrica e quantidade de Fe). Os grupos experimentais do trabalho foram (1) controle (sem contaminação), (2) solo 100% rejeito, (3) solo 50% rejeito, (4) 250 ppm de FeSO4, (5) 500 ppm de FeSO4, (6) 1000 ppm de FeSO4. Após as mudas randomizadas da espécie vegetal (adquiridas comercialmente) foram expostas a estes solos e feito análises fisio morfológicas (altura da planta (ALT), diâmetro do caule (DC), tamanho da raiz principal (TRP), número de raízes secundárias (NRS) e número de folhas vivas (NF)) nos dias 1, 20 e 31 de plantio. Foram medidos os valores de Fe presente nas raízes e folhas e determinado os fatores de bioconcentração (FBC) e translocação (FT). A amostra de solo controle apresentou pH=5,95, condutividade=2,08 mS/cm, umidade=20% e concentração de Fe ([ ] Fe) de 125,83 ppm. O solo de rejeito apresentou pH=8,67, condutividade=0,0858 mS/cm, umidade=11% e [ ] Fe=12,41 ppm. Após 31 dias as mudas expostas ao grupo 2 tiveram redução no TRP=2,87 cm e DC=0,23 cm, quando comparadas ao grupo 1 com TRP=3,13 cm e DC=0,25 cm. Em contrapartida, a ALT foi de 12,50 cm, NF=5,33 unidades e NRS=11,67 unidades, quando comparadas ao grupo 1 que resultou em ALT=9,37 cm, NF=5,67 unidades e NRS=10 unidades. Para a alface cultivada no grupo 3, houve uma redução em todos os parâmetros medidos, sugerindo problemas na absorção de nutrientes, possivelmente devido a disponibilização de Fe2+ devido à mudanças no pH do solo. Após 31 dias percebeu-se o acúmulo de Fe nas raízes dos grupos 2 e 3 ([ ] Fe=2,37 ppm e [ ] Fe=2,03 ppm, respectivamente) em comparação ao grupo 1 ([ ] Fe=1,15 ppm), possivelmente pela biodisponibilidade de Fe ou a presença de óxidos de Fe que retém o metal nas raízes, o que foi corroborado pelo escurecimento dessas. Nos grupos 4, 5 e 6 as alfaces apresentaram menor acúmulo de Fe nas raízes com 1,48, 1,19 e 0,91 ppm respectivamente, porém, tiveram um alto valor de Fe nas folhas com 6,63, 4,67 e 5,20 ppm. Sugere-se que o modelo de contaminação liberou menos íon Fe2+, responsável pela barreira oxidativa nas raízes, impedindo a translocação de Fe para as folhas. Ainda, a alface no grupo 1 tem FBC=5,08 e FT=4,08, enquanto as dos grupos 2 e 3 tem FBC=FT=2,72, e a do grupo 5 tem FBC=FT=0,15, ambos abaixo do controle. Por outro lado, a alface do grupo 4 resultou em FBC=FT=0,41 e a do grupo 6 tem FBC=FT=1,66, ambos acima do controle. Essas diferenças são atribuídas à barreira oxidativa de Fe nas raízes, ou ao efeito tóxico da exposição, como observado pela diminuição do crescimento das mesmas. A espécie Lactuca sativa L. teve melhor capacidade de fitorremediação com sulfato ferroso do que com o rejeito de minério, especialmente no grupo 2. O estudo destaca a necessidade de investigar mais os efeitos tóxicos prolongados do sulfato de ferro II.
Palavras Chave
íon Fe2+; rejeito; solo contaminado
Área
TEMA 02 - Recursos Hídricos e Geociências Ambientais
Autores/Proponentes
Ana Luíza Vieira, Caroline Wagner