51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

BENEFICIAMENTO DE GEMAS: TRATAMENTO TÉRMICO EM QUARTZO INCOLOR PARA A OBTENÇÃO DE CITRINO DE SANT'ANA DO LIVRAMENTO, RIO GRANDE DO SUL 

Texto do resumo

O Rio Grande do Sul é um dos maiores exportadores de materiais gemológicos no Brasil. A maioria do material comercializado é exportada, com ênfase à ametista e citrino, que é obtido por tratamento térmico.  Dentre os materiais menos valorizados têm-se quartzo incolor. Para este, melhorias podem ser empregadas, modificando a cor. Estes cristais podem incorporar impurezas, resultando em variedades que, quando submetidas ao beneficiamento, podem exibir cores distintas, mais valorizadas comercialmente. O objetivo desta pesquisa é estudar o tratamento térmico de quartzo incolor para obtenção de citrino. Esta variedade gemológica ocorre na natureza, mas no RS é obtida por tratamento térmico da ametista. Estudos recentes indicam desenvolvimento de citrino por tratamento térmico de cristais de quartzo incolor alojados em depósitos associados a rochas ácidas do Grupo Serra Geral (Progresso, RS). O material deste estudo é de uma região que possui cristais transparentes e de grandes dimensões, que poderiam gerar pedras de boa qualidade para uso em joalheria. Para isto, foi utilizada uma amostra de quartzo incolor, de dimensões centimétricas, coletada no Garimpo do Vivi, localizado em Sant´Ana do Livramento. Nesta jazida ocorre a Colada Catalán (Fm. Serra Geral), que contém jazidas de grande expressão econômica em operação mineira na porção uruguaia do derrame. A metodologia consistiu na escolha do cristal, corte em duas metades e seccionamento em seis partes de uma das metades, e levadas ao tratamento térmico. As seis amostras foram aquecidas a temperaturas de: 300°C, 350°C, 400°C, 450°C, 500°C e 550°C. Inicialmente, foram aquecidas em temperaturas de 400°C e 450°C por serem as temperaturas típicas do desenvolvimento do citrino a partir do tratamento feito em ametista. As amostras foram aquecidas por 1 hora e resfriadas lentamente em forno do tipo mufla da marca Sanchis modelo BTT, atmosfera ambiente, potência de 7kw e a rampa de aquecimento foi de aproximadamente 50°C/min. O tratamento térmico foi feito no Laboratório de Análises de Carvão e Rochas Geradoras de Petróleo do Instituto de Geociências da UFRGS. Os resultados preliminares indicam que a temperatura de 400°C não é suficiente para o desenvolvimento da coloração amarelada como era previsto. A amostra permaneceu incolor e houve o desenvolvimento de fraturas. Resultado similar foi obtido na temperatura de 450°C. Este resultado se contrapõe com os resultados obtidos em cristais de quartzo incolor que foram submetidos à tratamento térmico, obtidos em geodos alojados em rochas ácidas, da região de Progresso no Rio Grande do Sul, que desenvolveram a variedade citrino nesta faixa de temperatura. Os resultados preliminares sugerem que, para os cristais de Santana do Livramento: 1) a obtenção do citrino a partir do tratamento térmico do quartzo incolor, pode estar associada à geologia das rochas hospedeiras, indicando que o quartzo incolor de rochas básicas possa ser inapto a esse tipo de beneficiamento; e/ou 2) o quartzo incolor que desenvolve ótima cor verde sob irradiação gama, não desenvolve o citrino por tratamento térmico nas temperaturas indicadas por estudos anteriores. Dados adicionais de química serão complementares e os resultados podem direcionar de maneira mais eficiente na seleção de cristais de quartzo incolor que podem desenvolver a variedade citrino através do tratamento térmico. 

Palavras Chave

gemologia; beneficiamento de gemas; quartzo; citrino; tratamento térmico.

Área

TEMA 14 - Agrominerais, Rochagem, Rochas Ornamentais e Gemologia

Autores/Proponentes

Ana Paula Schmidt, Lauren Cunha Duarte, Larissa Lanes Tononi