51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA, ISOTÓPICA E PETROGRÁFICA DA TRANSIÇÃO ENTRE AS FORMAÇÕES SETE LAGOAS E SERRA DE SANTA HELENA (GRUPO BAMBUÍ, PROTEROZÓICO SUPERIOR)

Texto do resumo

A transição entre as formações Sete Lagoas e Serra de Santa Helena, pertencente ao Grupo Bambuí, é marcada pela diminuição da fração carbonática e consequente aumento dos constituintes siliciclásticos. Entretanto, essa mudança de fácies não está ainda bem caracterizada, sendo que são poucos os registros sedimentares em que é possível observar esse intervalo. Um bom registro dessa transição ocorre no testemunho de sondagem 1-PSB-14-MG, que foi obtido do Projeto de Sondagem do Bambuí, próximo à cidade de Januária (MG). Esse estudo caracteriza a composição mineralógica e química das fácies da parte superior da Formação Sete Lagoas e inferior da Formação Serra de Santa Helena por meio de análise petrográfica, isotópica, DRX e FRX. Foram analisadas por DRX e FRX 50 amostras, das quais 10 tiveram lâminas petrográficas preparadas, 5 amostras foram analisadas no Laboratório de difratometria de raios-x da Universidade de Brasília (UnB) para análise de argilominerais, e 45 amostras foram analisadas pelo Laboratório de DRX do Centro Regional para o Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da Universidade Federal de Goiás (CRTI-UFG). Através da petrografia observou-se siltitos vermelhos e verdes, dolomustones/margas, dolomitos cristalinos e calcimudstones, em que há altos teores de MgO e CaO na Fm. Sete Lagoas, enquanto na na Fm. Serra da Santa Helena há altos teores de SiO2, Al2O3, K2O e Fe2O3. Portanto, evidencia-se o aumento contínuo de sedimentos silicáticos e diminuição de sedimentos carbonáticos. As análises de fração argila indicam presença de clorita, caulinita nos intervalos mais superiores analisados e illita em intervalos isolados mais basais, entretanto não houve uma correlação clara entre a clorita e minerais detríticos, como quartzo, sugerindo uma possível origem autigênica da clorita nessas litofácies. Com análise de DRX foi possível identificar níveis que predominam illita em relação a muscovita sendo eles mais basais. Estes diferentes litotipos têm significantes diferenças de fácies associadas a seu paleoambiente, seu aporte de sedimento e seu clima. A presença de caulinita pode indicar paleoclima árido na área fonte do sedimento, caso seu conteúdo nessas rochas seja de origem detrítica. Já a ocorrência de illita pode ser usada para marcar o final da Fm. Sete Lagoas, pois a sua distribuição reflete claramente a origem terrestre e detrítica, sendo presente em intervalos intermediários e basais. Dados isotópicos de d13C e d18O mostram mudanças significativas no paleoambiente, principalmente representadas por um grande aumento dos valores de d13C ao longo da sucessão. O conjunto de dados obtidos permite identificar que as mudanças que ocorreram na transição entre as formações Sete Lagoas e Serra de Santa Helena não foram devidas a mudanças no aporte terrígeno, mas a variações nas condições ecológicas que se tornaram desfavoráveis para a produção carbonática. Consequentemente à diminuição do aporte carbonático, o ambiente se tornou mais profundo e dominado por sedimentos siliciclásticos mais distais.

Palavras Chave

DRX; Grupo Bambuí; Sete Lagoas; Serra da Santa Helena

Área

TEMA 06 - Paleoambiente e mudanças climáticas

Autores/Proponentes

Odara Luiza Marques Rodrigues Silva, Martino Giorgioni, Lucas Ferreira Bittencourt, João Gabriel Cavalcante Viera, Flávia Gomes de Souza de Souza, Mariana da Silva Borges