Dados da Submissão
Título
CARACTERIZAÇÃO DA INCORPORAÇÃO DE MICROPLÁSTICOS EM ESQUELETO DE CORAL (Sidesrastrea stellata) DA PRAIA DA TARTARUGA/ARMAÇÃO DOS BÚZIOS-RJ, BRASIL
Texto do resumo
Partículas microplásticas (MP), leves e milimétricas, muito utilizadas pela sociedade, estão presentes em lugares remotos, como zonas recifais e coralíneas. Esses ecossistemas, ricos em biodiversidade e serviços ecológicos, estão sujeitos a impactos ambientais decorrentes da poluição por MP, resultante da ocupação humana, podendo causar desequilíbrios irreparáveis. A cidade de Armação dos Búzios/Rio de Janeiro, abriga importantes áreas contendo corais. Estas áreas coralinas vem sofrendo efeitos adversos do desenvolvimento costeiro local, do turismo e da poluição devido à expansão populacional e imobiliária nas últimas décadas. Um indicador de impacto antrópico sobre corais é a determinação de MP no seu esqueleto carbonático. Desta forma, como objetivo do presente estudo, foi realizada a análise da presença e caracterização dos MPs no esqueleto de um coral da espécie Siderastrea stellata, da Praia da Tartaruga/Armação dos Búzios-RJ. Sete amostras do esqueleto carbonático, cada uma com massa de 2,5g, foram submetidas a metodologia adaptada para a extração dessas partículas, onde foi usado 5% de HCl para digestão do CaCO3 e filtração a vácuo para obter os MPs. O filtrado foi observado em Microscopia Óptica para detecção e caracterização como quantidade, morfologia, coloração e tamanho dessas micropartículas. Em duas das amostras foram encontrados um total 55 MPs, sendo 31 na primeira e 24 na segunda. A predominância de morfologia e cor foram as fibras azuis (45%) seguidas dos fragmentos azuis (22%) em ambas as amostras, sendo um total para as morfologias encontrada de 25 fibras azuis, 12 fragmentos azuis, 6 fibras pretas, 5 fragmentos pretos, 3 fibras amare-las, 2 fragmentos amarelos, uma partícula de fibra vermelha e um fragmento vermelho. Quanto a média de tamanho, na primeira amostra foi de 179,86 µm enquanto que na segunda foi de 117,18 µm. O maior tamanho foi de 763,56 µm e o menor de 10,35 µm na primeira e segunda amostra, respectivamente. Tamanhos menores que 300 µm apareceram com maior frequência nas amostras o que não se era esperado uma vez que na literatura predominam tamanhos maiores que 1mm. Essa diferença pode estar relacionado com o tamanho dos pólipos das espécies de corais, pois nesse estudo a espécie apresenta pólipos e septos menores do que outros já descritos na literatura como o Galaxea sp, Acropora spp. e Pocillopora sp. Conseguir encontrar e identificar visualmente esses MPs no interior do esqueleto do S. stellata, pode indicar o impacto da atividade humana na região. Por ser uma área com grande fluxo de pessoas devido ao turismo e a proximidade ao litoral, os resíduos produzidos pela população podem estar impactando diretamente nesses animais, já que corais não possuem sentidos visuais, não distinguem seus alimentos no momento em que se alimentam. Com a deposição dos MPs disponíveis na coluna d’água, o consumo deles pelos corais acaba sendo inevitável, podendo causar inúmeros danos como contaminações por metais pesados e outras substâncias tóxicas de lixiviação, já que essas partículas não são digeridas por eles. Além disso, a diferenciação dos MPs de outras fontes nutricionais fica prejudicada quando estas estão cobertas por material biológico, e como são animais generalistas, acabam se alimentando do que está disponível na coluna d’água, se submetendo a contaminações diretas e indiretas e a eventuais problemas físicos causados pelo consumo desses materiais.
Palavras Chave
Corais; Microplástico; Búzios e Esclerocronologia
Área
TEMA 22 - Geociências Marinha e Oceanografia
Autores/Proponentes
Yasmin Fernandes Rocha, Rafael de Lima Pinto, Mônica Regina da Costa Marques Calderari, Heitor Evangelista da Silva