Dados da Submissão

Título

CARACTERIZAÇÃO FACIOLÓGICA E CORRELAÇÃO ENTRE POÇOS DOS SISTEMAS TURBIDÍTICOS ASSOCIADOS AOS CÂNIONS WATU NORTE E WATU SUL, BACIA DO ESPÍRITO SANTO (OFFSHORE), BRASIL

Texto do resumo

O talude continental da Bacia do Espírito Santo, ao sul do Banco de Abrolhos, apresenta uma série de cânions e ravinas que se estendem desde a quebra da plataforma continental e através do Platô de São Paulo, alimentando um amplo sistema de dispersão sedimentar turbidítico em direção à planície abissal. Destacam-se os cânions Watu Norte (N) e Watu Sul (S), aos quais está relacionada a deposição de sistemas turbidíticos pleistocênicos. O presente trabalho insere-se no contexto de um projeto P&D em desenvolvimento, que trata da modelagem numérica de processos sedimentares e utiliza dados batimétricos, sísmicos, sedimentológicos, bio, quimio e cronoestratigráficos. Esses dados servem para alimentar os parâmetros de entrada e de controle de qualidade da modelagem de turbiditos sub-recentes, com a qual pretende-se gerar modelos análogos preditivos sobre a distribuição das areias. Especificamente, este trabalho concentra-se na análise sedimentológica e estratigráfica de testemunhos do tipo piston-cores, coletados nos sistemas turbidíticos relacionados aos cânions Watu N e S, a montante e a jusante da confluência de ambos, que ocorre ainda no talude, em torno de 1300m de lâmina d’água, formando o Canal de Golfinho. Ao todo, foram analisados e revistos cerca de 105 testemunhos a pistão, com penetração máxima de 20,93 metros, abrangendo o intervalo cronoestratigráfico dos últimos 185 mil anos, que inclui as biozonas de foraminíferos planctônicos correspondentes aos dois últimos intervalos glaciais (biozonas W e Y, com suas subdivisões) e interglaciais (biozonas X e Z) do Quaternário. Ao longo dos sistemas turbidíticos, desde a borda da plataforma, foram reconhecidas seis associações de fácies principais, respectivamente representadas por: (1) areias e cascalhos biodetríticos de borda de plataforma; (2) sedimentação pelágica, composta por lamas carbonáticas e vazas de foraminíferos; (3) sedimentação hemipelágica de lamas siliciclásticas, avermelhadas e cinzas; (4) depósitos de extravasamento de canal, compostos por níveis milimétricos a centimétricos de areia muito fina, extremamente micácea, intercalados com laminações de argila e silte avermelhado; (5) depósitos de eixo de canal, com presença de cascalho e areias quartzosas finas a grossas, por vezes biodetríticas; e (6) depósitos lamosos de transporte de massa, com clastos de argila e camadas inclinadas ou contorcidas. Para efetuar a correlação estratigráfica das biozonas entre os testemunhos adotou-se como datum o limite Pleistoceno-Holoceno, que é regionalmente indicado pelo contato entre as lamas pelágicas e as vazas de foraminíferos. Uma seção estratigráfica com orientação NW-SE (dip), ao longo do Cânion Watu N e em sua continuidade pelo Canal de Golfinho, mostra um notável afinamento da biozona Y1, passando de cerca de 17 m para menos de 0,5 m em direção à porção relativamente distal do sistema turbidítico. As biozonas Y2 e Y1B praticamente estão ausentes nessa porção distal, em lâmina d’água superior a 2.050 m, onde ocorre recuperação apenas de sedimentos da biozona X. Os pulsos turbidíticos arenosos mais espessos concentram-se nas biozonas Y1A e Y1B, indicando o avanço da dispersão sedimentar bacia afora, durante o último máximo glacial e na transição para o Holoceno. A quase totalidade dos testemunhos com presença mais significativa das biozonas Y1 e Y2 não alcança a biozona W, não permitindo, assim, um estudo acerca dos sistemas turbidíticos relacionados à fase do penúltimo glacial.

Palavras Chave

Sistemas Turbidíticos; Sedimentologia de Sedimentos Quaternários; Cânions Watu Norte e Watu Sul; Bacia do Espírito Santo