51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA-PETROLÓGICA DO COMPLEXO SÃO FRANCISCO DO SUL, TERRENO PARANAGUÁ

Texto do resumo

Representando o embasamento do Terreno Paranaguá ao longo do litoral sul-sudeste brasileiro, o Complexo São Francisco do Sul corresponde a um complexo ortognáissico, localmente migmatítico, cristalizado no Paleoproterozóico e retrabalhado durante o evento Brasiliano. Apesar destes litotipos serem reconhecidos no estado do Paraná desde a primeira metade do século 20, uma caracterização formal da unidade ocorreu a pouco mais de uma década, de forma que o conhecimento sobre o mesmo ainda apresenta questões em aberto. O presente trabalho é baseado na investigação petrográfica de amostras previamente coletadas em quatro regiões distintas do terreno, com análise direcionada para composição mineralógica, texturas e microestruturas diagnósticas para feições de recristalização e anatexia. Dentre estas amostras, foi possível individualizar e caracterizar quatro conjuntos litológicos distintos, correspondente aos granitóides, aos ortognaisses, aos milonitos e aos anfibolitos, sendo este último subdividido em litotipos bandados e foliados. Nenhuma das amostras apresenta feições migmatíticas. O conjunto dos granitóides, de composição granodiorítica a monzogranítica, foi correlacionado ao protólito do complexo ainda em seu estado menos deformado. Possuem minerais traços com hábitos e texturas características de rochas ígneas, a exemplo de titanitas losangulares, apatitas prismáticas e allanitas com zoneamento interno e manteadas por epidoto, permitindo reafirmar o caráter ortoderivados para a unidade. O conjunto dos gnaisses apresenta mineralogia e composição correlata ao conjunto dos granitóides, sendo caracterizado por um bandamento composicional entre porções leucocráticas e níveis com maior concentração de biotita. Já os anfibolitos, compostos em grande parte por cristais de hornblenda, foram associado a enclaves máficos em meio ao complexo. Os litotipos miloníticos são marcados por uma intensa deformação e processos de recristalização dinâmica, sendo compostos por uma matriz essencialmente quartzosa, associados a porfiroclastos, com até 12mm, de feldspato potássico, plagioclásio e hornblenda, com foliação definida por grãos finos de quartzo recristalizado e planos ricos em biotita cominuída e sericita. Dentre as feições metamórficas, predominam as microestruturas de recristalização em cristais de quartzo do tipo rotação de subgrão, localmente em textura chessboard, com ocorrências pontuais de migração de limite de grãos. Processos de bulging também são comuns nas bordas dos demais cristais de quartzo, incluindo aqueles previamente recristalizados por outros mecanismos. Já os feldspatos, além de fraturados, apresentam maclas com deformação em cúspide, pertitas com morfologia em chama, kink bands e intercrescimento mirmequítico. Este conjunto de feições indicam temperaturas superiores a 500ºC para o sistema no momento da atuação dos processos deformacionais. A coexistência com feições de temperaturas mais baixas permite inferir também que os mesmos permaneceram ativos após o ápice térmico. Integrando estas informações com dados geocronológicos já presentes na bibliografia, é possível correlacionar estas feições de recristalização ao intervalo de 625Ma à 530Ma, entre a idade U-Pb em borda de zircão e anterior a idade K-Ar em biotita, em um contexto de resfriamento e metamorfismo retrógrado, com a restrição progressiva dos processos de milonitização nas adjacências das principais zonas de cisalhamento, denominadas Palmital, Serra Negra e Icapara.

Palavras Chave

Complexo São Francisco do Sul; Terreno Paranaguá; Ortognaisses; Microestruturas de Recristalização.

Área

TEMA 20 - Mineralogia e Petrologia Metamórfica

Autores/Proponentes

Rafael Wozniak Lipka, Leonardo Fadel Cury, Mariana de Resende Madeira, Daniel Patias