51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

ASSINATURA DE ISÓTOPOS DE OXIGÊNIO EM MINÉRIO DE FERRO BRASILIANO: UMA NOVA PEÇA DE UM QUEBRA-CABEÇAS

Texto do resumo

Formações ferríferas bandadas (BIFs) do tipo Lago-Superior de facies anfibolito superior da borda oeste da Faixa Araçuaí (Bloco Guanhães e Serra do Espinhaço Meridional), contêm corpos de minério com magnetita e hematita associados à pegmatitos Ediacaranos-Cambrianos remobilizados de intrusões graníticas da Suíte Borrachudos, de idade Estateriana. Dezenove amostras de BIF, minério alto teor e veios de quartzo/pegmatito, contendo hematita lamelar/especular e granular, e kenomagnetita-martita, provenientes de cinco depósitos de minério de ferro do sul do Bloco Guanhães e da borda Leste da Serra do Espinhaço Meridional foram selecionadas para análise. A análise da composição dos isótopos de oxigênio foi realizada na Universidade de Göttingen, Alemanha, por fluorinação a laser em combinação com cromatografia gasosa e espectrometria de massa de fonte gasosa. Todos os valores medidos são reportados em per mil em relação ao padrão Vienna Standard Mean Ocean Water (V-SMOW). Os valores de δ18Omineral dos óxidos de ferro variam de -1,6 a 8,1‰, sendo os mais pesados (1,7 a 8,1‰) característicos da BIF seguidos pelos óxidos cristalizados em veios de quartzo e pegmatito (1,8 a 5,0‰). Nos corpos de minério foram encontradas as assinaturas mais leves (-1,6 a 2,6‰). Empregaram-se as curvas de fracionamento de Yapp (1990), Zheng (1991), Zheng e Simon (1991), Bao e Koch (1999) para calcular os valores de δ18Ofluido em equilíbrio com os diferentes fases de óxidos de ferro, considerando temperaturas de homogeneização de inclusões fluidas de 150 e 350 °C. Para a temperatura de 150 °C, os intervalos calculados de δ18Ofluido foram: 4,6 a 19,6‰ para BIF, 1,3 a 14,1‰ para minério e 4,6 a 14,6‰ para pegmatito e veios de quartzo. Para a temperatura de 350°C, os intervalos calculados de de δ18Ofluido foram: 9,0 a 18,0‰ para BIF, 3,5 a 12,5‰ para minério e 6,8 a 13,2‰ para pegmatito e veios de quartzo. O perfil isotópico dos depósitos estudados demonstra um declínio consistente nos valores de δ18Omineral da BIF (1,7 a 8,1‰) para minério (-1,6 a 2,6‰), o que se alinha com a tendência geral neste tipo de mineralização. A assinatura relativamente mais alta encontrada no minério, próxima dos valores encontrados em depósitos de magnetita-apatita do tipo Kiruna, revela, entretanto, uma forte influência de fluidos magmáticos. Os valores obtidos para δ18Ofluido (+5,5 a +10,0‰) também estão dentro da faixa para fluidos magmáticos (Taylor, 1979). Os dados de δ18O obtidos aliados às observações de campo evidenciam o envolvimento gradual de fluidos de origem magmática no processo de mineralização. A atividade magmática com formação de corpos pegmatíticos é atribuída à fusão anatética pelo retrabalhamento tectônico da crosta siálica consolidada durante a colisão continental brasiliana conforme corroborado por dados tectônicos, geoquímicos, termobarométricos e petrográficos. Os resultados obtidos caracterizam um novo tipo de minério de ferro de alto teor de associação magmática-hidrotermal e são consistentes com um modelo unificado de mineralização hipogênica onde se destaca a coerência do comportamento isotópico em função das características dos fluidos mineralizantes.

Palavras Chave

isótopos de oxigênio; óxidos de ferro; mineralização

Área

TEMA 09 - Recursos Minerais, Metalogenia, Economia e Legislação Mineral

Autores/Proponentes

Flávia Cristina Silveira Braga, Carlos A Rosière, Andreas Pack, Steffen G Hagemann, João Orestes S Santos