51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

DEPOSIÇÃO DE SISTEMAS TURBIDÍTICOS SOB O CONTEXTO DA TECTONICA E SEDIMENTAÇÃO

Texto do resumo

Nos últimos anos consolidou-se o conceito que a deposição de sistemas turbidíticos, alvo importante na exploração de petróleo, está interligada a um macroprocesso de transferência de sedimentos arenosos de terras elevadas da borda da bacia sedimentar para o ambiente de sedimentação marinho profundo ou lacustre, via transporte de sedimentos pelos rios. Esse processo está relacionado com a tectônica, a um soerguimento de um terreno continental com posterior denudação. Estudos na área de geomorfologia fluvial revelam que há dois tipos de bacias de drenagem que transportam elevada carga sedimentar. O primeiro são as bacias de drenagem com grandes áreas que se desenvolvem sobre regiões cratônicas e cujas bordas são montanhas, faixa orogênica vizinha. Como exemplos de sistemas turbidíticos modernos sob esse contexto citam-se o leque submarino do Rio Amazonas e do Rio Mississipi. O segundo caso se refere às bacias de drenagem com áreas menores, mas que estão instaladas sobre terreno com elevada declividade, faixas orogênicas. Como exemplo, citam-se os rios Magdalena e Ganges/Brahmaputra, em cuja foz se formam sistemas turbidíticos ricos em areia. A variação da taxa de sedimentos transportados pelos rios ao longo do tempo está inserida no contexto do ciclo geomorfológico. Após o soerguimento de um terreno, via tectônica, forma-se o relevo jovem com altitude elevada e onde se formam vales fluviais encaixados, com encostas íngremes. Posteriormente, começa um longo processo no qual um grande volume de sedimentos é transferido para as bacias sedimentares situadas no entorno da área soerguida. A formação de sistemas turbidíticos é um resultado extremo deste processo. Após algumas dezenas de milhões de anos, com o prosseguindo da denudação continental gera o relevo maduro, mais baixo e com vales fluviais menos íngremes. Consequentemente, um volume menor de areia é progressivamente transferido para a bacia sedimentar. Com isso, há uma tendência para a formação de sistemas turbidíticos posteriores mais ricos em lama. A ruptura de continente, como ocorreu com o Pangea, também induz a deposição de turbiditos porque, nesse processo, são geradas novas bacias de drenagem que fluem para um oceano recém-aberto. A influência da eustasia na deposição de turbiditos ocorre numa frequência temporal mais elevada e se torna mais relevante na fase de relevo velho, pois, nessa etapa, é a queda do nível do mar que promove o transporte de areia para o ambiente marinho profundo, via canyons submarinos escavados no talude. Além do soerguimento de terrenos via orogênese, há outro fator que também induz a deposição de turbiditos, o soerguimento de áreas continentais fora do contexto tectônico de colisão, a denominada epirogênese. Os turbiditos alojados na seção do Cretáceo Superior da Bacia de Santos, quando houve o soerguimento da Serra do Mar do Cretáceo, e os turbiditos da seção do Oligoceno-Mioceno na Bacia de Campos, gerados após a formação do sistema de rifte do sudeste do Brasil, são exemplos de turbiditos depositados fora do contexto de colisão tectônica, mas também envolvem a formação de terreno com elevada declividade. A deposição de turbiditos numa bacia sedimentar não é um fenômeno aleatório, podendo ser encarada como um fenômeno pós-tectônico, que ocorre após o soerguimento de terrenos no continente. Envolve um macroprocesso de transferência de sedimentos que deve ser conhecido visando a predição da ocorrência de reservatórios turbidíticos no espaço e no tempo.

Palavras Chave

turbidito; Tectônica; sedimentação; Geomorfologia

Área

TEMA 08 - Sistemas petrolíferos, exploração e produção de hidrocarbonetos

Autores/Proponentes

antonio celso guirro