51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

CARACTERIZAÇÃO DE FOSFORITO DA FAZENDA RESSACA (FORMAÇÃO BOCAINA - EDIACARANO) E DE PRODUTO DE REMOBILIZAÇÃO INTEMPÉRICA E SEU USO COMO AGROMINERAL

Texto do resumo

Fosforitos no Grupo Corumbá foram descobertos em 1976, pela DOCEGEO, em levantamentos geoquímicos pela região. Novas descobertas, na década seguinte, em contexto geológico distinto – na Formação Bocaina, levaram à fase atual, com lavra ativa na Fazenda Ressaca (Bonito, MS), pela Empresa EDEM – Agrominerais, onde ocorre lavra de fosfato com aplicação direta. Modelo paleogeográfico, com base no estudo de fácies sedimentares, levou à definição de faixa mineralizada ao longo da rodovia que liga Bonito a Bodoquena, paralela à paleo linha de costa – marcada pela presença de recifes estromatolíticos, com ambientes de águas rasas a oeste e águas profundas a leste, de onde viria o P dissolvido, por ressurgências marinhas. No estudo de viabilidade econômica do depósito da Fazenda Ressaca, conduzido pela EDEM, constatou-se a presença de material friável (litotipo Fosfato Bege Friável), com teores variando de 23 a 32% de P2O5, e produto do intemperismo das rochas precambrianas, com volumes que justificaram a lavra, com moagem e uso direto no solo, disponibilizado com teores médios de 12 % de P2O5, sendo que destes, 4,5 % solúvel em ácido cítrico. O objetivo do presente trabalho é a caracterização de dois litotipos de maior teor em P: fosforito primário (Ediacarano) e fosfato secundário, produto de alteração e remobilização intempérica (nome comercial Fosfato Natural Reativo de Bonito, MS). Resultados analíticos foram obtidos por difratometria de Raios X (mineralogia) e Fluorescência de Raios X (concentração dos óxidos). No caso do fosforito primário, trabalhos de pesquisa mineral têm demonstrado a presença de camadas métricas de fosforito puro, associado a microbialitos (litotipo Fosfolutito Pristine - 34% de P2O5) e Qz-arenito fosfático, marga fosfática e brecha dolomítica com clastos de fosforito (4 % de P2O5), todos com fluorapatita como mineral principal. Esse fosforito, de idade ediacarana, com teores relativamente elevados, apresenta-se em corpos métricos de extensões laterais de centenas de metros. Para o segundo litotipo estudado, produto de alteração e remobilização intempérica, atualmente em lavra, foram feitas amostragens (Intervalo de 20 cm) no perfil de alteração (1,6 m) com análises química que demonstraram as seguintes variações de teores de P2O5 (22,80 e 32,80%), SiO2 (12,51 a 27,16%), Al2O3 (4,54 a 18,34%), CaO (18,25 a 39,86%), K20 (0,15 a 0,83%) e elementos traços tais como Ba (entre 157 e 600 ppm). Foram identificados os minerais Crandalita e Wavellita, minerais de fosfato aluminoso, além do quartzo detrítico observado macroscopicamente como matriz de nódulos fosfáticos centimétricos. Considera-se importante a diferenciação dos dois litotipos fosfáticos para estudos futuros de uso, pelas suas diferenças mineralógicas e texturais, que implicam em diferentes procedimentos de lavra. Atualmente só é lavrado o litotipo Rocha Fosfática Bege Friável o qual, por se encontrar natualmente desagregado, basta ser escavado, apenas com a dificuldade de se encontrar em meio a cones cársticos dolomiticos. Já o litotipo Fosfolutito Pristine, apesar do maior teor, encontra-se em camadas métricas de grande extensão, intercaladas em rochas dolomiticas de grande competência que requerem desmonte para a lavra, o que inviabiliza economicamente seu aproveitamento. Atualmente, o material friável tem sido lavrado e comercializado para uso direto principalmente em cultura de cana, pastagens e soja.

Palavras Chave

fosforito; fosfato secundário; agrominerais; Serra da Bodoquena

Área

TEMA 14 - Agrominerais, Rochagem, Rochas Ornamentais e Gemologia

Autores/Proponentes

Paulo César Boggiani, Antonio Carlos Azevedo, Vinicius Cardoso-Lucas, Ligia Stama, Henrique Albuquerque Fernandes, Aline Vitti Secco, Richard Dominique Lepine, Lucas Nery Ramos