51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

A OCORRÊNCIA DO ARSÊNIO NAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO SISTEMAS AQUÍFERO SERRA GERAL NO NOROESTE DO RIO GRANDE DO SUL E A RELAÇÃO COM FONTE GEOGÊNICA

Texto do resumo

No noroeste do Rio Grande do Sul, composto por 216 municípios, a água subterrânea é muito utilizada devido a características particulares da área, portanto uma das principais fontes de água para abastecimento humano é proveniente de poços. Ao realizar abertura de poços na mesorregião, a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) realiza análises a fim de comprovar a qualidade d’água. Desde 2014 verificou-se a presença de arsênio em 20 poços, chegando a atingir 0,081 mg/L do metaloide. A região de estudo está sob parte do Sistema Aquífero Serra Geral (SASG), formado por rochas vulcânicas, de derrames basálticos e andesítitos. As rochas do SASG podem conter diversos minerais que possuem o arsênio em sua composição, como sulfeto de arsênio, arsenopirita, sulfeto de arsênio com cobre e ferro, óxidos de arsênio, hidróxidos complexos com cobre, manganês e magnésio, ou mesmo como arsênio nativo. Em um estudo realizado por Leipelt (2020) na região noroeste do Rio Grande do Sul foram encontradas concentrações de até 3 ppm em rochas ígneas e de até 15 ppm no solo da área de estudo. Considerando a toxicidade do elemento e seus efeitos no meio ambiente, há uma preocupação para identificação da causa da ocorrência do arsênio e se esta está relacionada à fonte geogênica. A Corsan disponibilizou 28 análises de água subterrânea, de 2014 a 2023, de 20 poços diferentes de 14 municípios. Quatro amostras não ultrapassaram os limites de arsênio estabelecidos pela CONAMA 396/2008 em 0,01 mg/L, mas indicaram a presença do elemento na água subterrânea, cujas concentrações variam de 0,0035 a 0,081 mg/L. A correlação de Pearson foi utilizada para analisar a relação entre os parâmetros de qualidade da água disponíveis. O único parâmetro que inicialmente possui alguma relação com o arsênio é a alcalinidade de hidróxidos, com resultado de –0,93. Entretanto, das 28 amostras, apenas 4 possuem a análise de alcalinidade de hidróxidos, o que é uma amostragem baixa relacionada a quantidade de análises. A média dos poços é de 0,18 mg As/L e o desvio padrão de 0,014 mg As/L. A média do pH das análises é de 9,6. Das 28 análises realizadas, 27 possuem pH entre 8,5 e 10,2, e somente uma amostra apresentou um pH ácido com o valor de 6,7, sendo esta análise com a maior concentração de arsênio alcançando (0,081 mg/L). Segundo Gastmans et al. (2010), sob pHs alcalinos o excesso de grupos OHˉ na superfície dos óxidos propicia a adsorção de cátions, acarretando a dessorção do arsênio. Entretanto, até o momento, os resultados obtidos não foram o suficiente para identificar e comprovar a origem da contaminação e nem associá-la diretamente com uma fonte geogênica. É necessário seguir com o estudo para identificação da ocorrência do arsênio, visto que a região é dependente de poços artesianos para abastecimento. A pesquisa seguirá investigando a possibilidade de uma contaminação natural, mas sem descartar a possibilidade de uma contaminação antropogênica.

Palavras Chave

arsênio; água subterrânea; contaminação

Área

TEMA 02 - Recursos Hídricos e Geociências Ambientais

Autores/Proponentes

Camila Lemos Teixeira, Joice Cagliari, Christie Engelmann de Oliveira