51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

Águas subterrâneas e a segurança hídrica na bacia do rio Parauapebas, Canaã dos Carajás (PA)

Texto do resumo

O município de Canaã dos Carajás (PA) localiza-se no médio curso da bacia do rio Parauapebas (margem direita do rio Itacaiúnas), em uma região de alto potencial mineral (Serra de Carajás) que já apresenta indicadores de insegurança hídrica. O trabalho teve por objetivo discutir os fatores de segurança hídrica associados ao potencial de uso das águas subterrâneas em Canaã dos Carajás (PA). Foram utilizados os dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) e do Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS/SGB). Estes foram tratados em ambiente SIG e sistematizados por composição cartográfica. Em termos de resultados destacam-se: (1) período chuvoso de novembro a abril (média mensal máxima - março, 299 mm) e menos chuvoso de maio a outubro (média mensal mínima - julho, 20,5 mm), perdas ~ 93%; (2) as áreas de menor variação altimétrica (a SE da Serra de Carajás) representam as de maior déficit e de expansão do setor agropecuário, em contraste com a porção da Serra, com maior cobertura florestal, variação altimétrica, melhores condições drenagem e retenção de água; (3) o conjunto fisiográfico configura dois ambientes, um domínio misto de áreas aplainadas intercaladas com vales e superfícies de dissecação, com predomínio de rochas cristalinas, e outro de maior presença da cobertura florestal, ocorrência de escarpas com declividade > 45°, morros angulosos, presença de uma formação sedimentar marcada por arenitos associados à rochas cristalinas, solos litólicos e latossolos, que auxiliam a recarga subterrânea; (4) o conjunto das condições climáticas, de uso e cobertura da terra, e das variáveis físicas (rochas, relevo e solos) traduzem uma maior vulnerabilidade hídrica, caracterizada pela menor recarga de águas (superficiais e subterrâneas) com o balanço hídrico tendendo a ser negativo; (5) a Formação Carajás, representa o principal aquífero da região (vazões de 50 a 100 m³/h), porém nas áreas de maior demanda hídrica (sede municipal) o melhor desempenho para os poços registrados no SIAGAS é na faixa de 100 a 150 m, com 36% para vazões menores que 10 m³/h, 24% entre 10 e 15 m³/h, 20% para 25 a 25 m³/h e 20% para valores maiores que 25 m³/h; (6) existe uma maior explotação na área de ocorrência de aquíferos fraturados associados à rochas vulcânicas, seguida do cristalino, com amplo domínio de baixas vazões em geral inferiores a 15 m³/h; (7) as informações obtidas pelo SNIS apontam para um consumo médio de água no município de 160,32 (L/Hab./dia), o que implica uma gradação de 1.751.015 L/Hab./dia em 2000 a 4.283.109 L/Hab./dia em 2010 e 12.357.305 L/Hab./dia em 2022, indicando que em 22 anos, o consumo cresceu 85,83 %. O cenário avaliado retrata, segundo a demanda hídrica instalada, uma situação desfavorável à segurança hídrica, como apontado pelo Índice se Segurança Hídrica (ISH/ANA), que mantém para uma perspectiva futura de 2035 um padrão de ISH “Baixo” na área da sede municipal e entorno, fortalecido nas componentes humana, econômica e de resiliência. Desta forma observam-se condições de forte sazonalidade das chuvas, que dificultam a recarga dos sistemas fraturados e retenção do potencial subterrâneo, que se encontram associadas a forte demanda social e econômica da região; assim, um sistema de gestão de recursos hídricos, suportado pelo plano de bacia do rio Parauapebas, deve ser proposto para atender a segurança hídrica e os usos múltiplos existentes.

Palavras Chave

Rio Itacaiúnas; águas subterrâneas; disponibilidade hídrica.

Área

TEMA 02 - Recursos Hídricos e Geociências Ambientais

Autores/Proponentes

ALINE MARIA MEIGUINS LIMA, Bruno Rocha Negrão, Yuri Antônio Silva Rocha, Matheus Cristiano Cordeiro Moreira