51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

ARGILOMINERAIS DA FORMAÇÃO PITINGA: IMPLICAÇÕES PALEOAMBIENTAIS PARA O SILURIANO DA BACIA DO AMAZONAS, REGIÃO DE SANTARÉM E ITAITUBA, ESTADO DO PARÁ.

Texto do resumo

O estágio final da glaciação siluriana na Bacia do Amazonas foi marcado pelo recuo das geleiras é sucedido pela instalação de ambientes de shoreface/foreshore e subseqüente com a subida do nível do mar favoreceu a deposição de lamas de offshore da Formação Pitinga no Wenlockiano-Ludlowiano. Esta unidade é composta por espessas camadas de folhelhos e arenitos finos subordinados e registra mudanças paleoclimáticas e paleogeográficas, marcadas pelas transgressões marinhas pós-glaciais que afetaram áreas do supercontinente Gondwana. O estudo de argilominerais de folhelhos e pelitos visou demonstrar indicadores paleoclimáticos e paleoambientais para ampliar o conhecimento geológico desta unidade. Foram coletadas onze amostras de folhelhos próximos a Santarém e Itaituba, região central da Bacia do Amazonas, que foram pulverizadas e submetidas ao microscópio eletrônico de varredura (MEV) TESCAN VEGA3, e também ao difrator de raios-X (DRX) para identificação mineralógica. Os resultados foram adicionados aos estudos prévios propostos pelo grupo de análise de bacias sedimentares da Amazonas (GSED), que posicionavam estratigraficamente as amostras analisadas. A análise faciológica possibilitou a identificação de arenitos e siltitos que foram agrupados em uma associação de fácies de plataforma rasa com influência de maré e onda. Foram identificadas estruturas sedimentares diagnósticas de processos de maré como laminação cruzada tangencial, tidal bedding e tidal bundle. O folhelho betuminoso sob o MEV foi possível identificar a presença de esmectita padrão em colmeia/favo, enquanto a illita ocorre como fios desorganizados, a muscovita está bem organizada em forma de lamelas e com pouca deformação e a caulinita nas formas planar e booklets. Na análise feita por DRX total, foi possível identificar os seguintes minerais: quartzo, caulinita, muscovita, pirita e melanterita. Sendo quartzo e caulinita os minerais mais abundantes, e em todas as amostras ocorre muscovita em porções variáveis. A amostras FM-CA-02A apresentam predominância de quartzo e a fase hidratada melanterita, com também uma quantidade de pirita e de caulinita, essa mesma amostra apresenta o aspecto granular. Em suma, as intepretações dos resultados de DRX apontam que a caulinita é a parte da fração argila mais representativa, sua presença é comum em paleoclima temperados e úmidos, sua formação está associada à hidrólise de minerais precursores, sendo favorecida sob condições de pH baixo. A presença de pirita e da melanterita sugere uma zona de transição com os depósitos subjacentes de origem glacial que contém minerais autigênicos de ferro, e cogita um ambiente deposicional anóxico pós-glacial. Sob o MEV foi possível observar que a presença de booklets de caulinita reafirma sua origem detrítica, podendo ser utilizada para interpretação do paleoclima como sendo temperado e úmido durante a deposição. A abundância de esmectita que deve ser o resultado de outros processos: autigênese e sedimentação diferencial ao longo de correntes marítimas, esse padrão pode indicar a deposição em um ambiente de água rasa ou intermitente. A esmectita em padrão de colmeia foi entendida como autigênica, enquanto aos grumos de ilita desorganizados sugere-se origem pós-deposicional/diagenética.

Palavras Chave

Paleozoico; DRX; MEV; Pós glaciação

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

José Elias Gomes da Silva, Afonso Cesar Rodrigues Nogueira