Dados da Submissão
Título
CICLOS ORBITAIS REGISTRADOS EM SEDIMENTOS MIOCÊNICOS NA AMAZÔNIA OCIDENTAL BRASILEIRA (BACIA DO SOLIMÕES)
Texto do resumo
O Ótimo Climático do Mioceno (OCM; 16,9 a 14,7 Ma) caracteriza-se como um intervalo prolongado de aquecimento global, sustentado por níveis de CO2 atmosférico (470-630 ppm) semelhantes aos projetados para as próximas décadas ou séculos em decorrência das mudanças climáticas. Sucessões sedimentares bem preservadas dos oceanos Índico e Pacífico, registram eventos hipertermais de escala orbital durante o OCM, influenciados por ciclos de excentricidade curta (100 kyr) e precessão (21 kyr). Esses eventos foram caracterizados pela injeção de carbono isotopicamente leve na atmosfera e acidificação dos oceanos. Entretanto, a fonte de carbono para a atmosfera e o oceano ainda permanece desconhecida. Após a fase de ótimo climático, os ciclos de excentricidade curta tornaram-se menos pronunciados e ocorreu uma transição para um modo climático mais frio. Esta nova fase termina com a expansão gradual da camada de gelo da Antártica Oriental e o resfriamento global entre 14,7 e 13,8 Ma. Neste estudo, investigamos o registro de variações cíclicas em depósitos continentais com influência marinha na Bacia do Solimões, Amazônia Ocidental. Para isso, utilizamos o testemunho sedimentar 1AS-105-AM localizado na Bacia do Solimões, Brasil. A sucessão sedimentar cobre o intervalo de tempo entre o Mioceno médio e tardio (~16,0 a ~5,3 Ma), quando o nível do mar estava mais de 50 m acima do atual, levando ao estabelecimento de zonas alagadas sobre a Amazônia Ocidental (Sistema Pebas). Dados de radiação gama (RG) em resolução amostral de 9 cm foram utilizados para o processamento da análise da série temporal. Os métodos de análise espectral multitaper e TimeOpt foram aplicados para investigar a presença de ciclos orbitais e derivar estimativas de taxas de sedimentação independentes. Durante o Mioceno médio (~16,0 a ~13,8 Ma), a análise espectral apresentou periodicidades significativas, com períodos de 10,3 e 2,6 m, que puderam ser associadas aos ciclos orbitais de excentricidade curta e precessão. Já no Mioceno médio a tardio (~13,8 a ~5,3 Ma), há apenas um sinal com período de 3,7 m, interpretado como precessão, enquanto o sinal de excentricidade curta desaparece. Nossos dados sugerem que a taxa de sedimentação variou ao longo da sessão, passando de 9,7 cm/kyr, no Mioceno médio para 17,6 cm/kyr no Mioceno médio a tardio. Com base nos resultados, sugerimos que sistemas deposicionais continentais registraram variações cíclicas comparáveis àquelas evidenciadas pelo registro sedimentar marinho profundo durante o Mioceno. Tal acoplamento, entre mudanças ambientais continentais e marinhas, pode trazer pistas sobre a circulação do carbono entre os diferentes reservatórios naturais durante estados climáticos de aquecimento global.
Palavras Chave
Amazonia; Ótimo Climático do Mioceno (OMC); ciclos orbitais; Aquecimento global
Área
TEMA 06 - Paleoambiente e mudanças climáticas
Autores/Proponentes
Luciana Rigon Duarte, Karlos Guilherme Diemer Kochhann, Marcus Vinicius Lermen Kochhann, Lilian Maia Leandro