51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

CARACTERIZAÇÃO COMPOSICIONAL POR MICROFLUORESCÊNCIA DE RAIO-X EM ROCHAS CARBONÁTICAS FINAS DO PRÉ-SAL

Texto do resumo

Com a descoberta das reservas gigantes do pré-sal na Bacia de Santos, as características texturais, composicionais, permo-porosas e a gênese de rochas carbonáticas não-marinhas tornaram-se objeto de estudo de vários pesquisadores. Tratando especificamente das rochas carbonáticas não-marinhas de granulometria fina, o tamanho diminuto das partículas e a dificuldade de observação das mesmas, somada à intensa modificação pós-deposicional, configuram desafios adicionais e requerem a utilização de técnicas mais sofisticadas de análise para sua caracterização. Sendo assim, o presente estudo objetiva avaliar a aplicabilidade do mapeamento elementar por microfluorescência de raio-X (micro-FRX) em lâminas petrográficas de rochas carbonáticas finas do pré-sal. Busca-se, também, determinar se há correspondência entre as variações texturais, observadas em microscópios de luz transmitida, e as composicionais, identificadas por micro-FRX. Dados de micro-FRX foram obtidos através do equipamento M4 Tornado da Bruker, reconhecido por sua tecnologia avançada que possibilita a realização de análises químicas precisas e não destrutivas. Após o processamento no software M4, o equipamento fornece dados quantitativos e mapas elementares. Para este estudo de caso, foram selecionadas cerca de 20 lâminas de rochas carbonáticas finas, aqui denominadas como calcilutitos (CLU). As lâminas foram confeccionadas a partir de um testemunho de sondagem recuperado do Campo de Tupi, Bacia de Santos, e concentram-se nos primeiros ~25m abaixo da camada de sal, no intervalo conhecido como Marco Lula. As diferentes texturas e estruturas descritas para os CLU foram utilizadas para a caracterização de três microfácies sedimentares (CLU intensamente silicificado, CLU com laminações irregulares e CLU com textura grumosa). Os dados químicos quantitativos passaram por um fluxograma básico de análise multivariada de agrupamento, que inclui análise de componentes principais (PCA) e k-Means. Como resultado, foram identificados cinco clusters (C1, C2, C3, C4 e C5), aqui entendidos como microfácies químicas. C1 engloba os CLU com os maiores percentuais de Fe, Ti, K e Al, C2 e C5 concentram os maiores valores de Si, sendo C5 enriquecido em La e Yb, enquanto C3 e C4 agrupam os CLU com teores elevados de Ca, que em C3 ocorre junto de Sr e Mn e em C4 associado a V. O Mg ocorre em elevados percentuais em todos os clusters, por isso não foi diagnóstico na separação de microfácies químicas. Com exceção dos CLU intensamente silicificados que correspondem à C2 e C5, não foi identificada outra relação entre microfácies sedimentares e químicas. Já os mapas elementares mostraram-se valiosos para refinar as microfácies e para a interpretação mineralógica. Nota-se que as laminações irregulares dos CLU são marcadas pela presença de Fe, Mn e, pontualmente, Al e K, enquanto a textura grumosa dos CLU exibe bordas magnesianas e núcleos calcíticos. Concentrações conjuntas de Ba e S ou Sr e S são recorrentes e indicam, respectivamente, a presença de barita e celestita, minerais utilizados como indicadores de hidrotermalismo. Já a presença de Na e Al, é associada a ocorrência de dawsonita, cuja gênese pode ter sido influenciada pela proximidade com a camada de sal. Assim, fica evidente a importância da análise integrada e detalhada de dados sedimentológicos e químicos (quantitativos e visuais) que, mesmo com todas as dificuldades impostas pelas rochas de granulometria fina, garantiram um bom detalhamento.

Palavras Chave

Rochas carbonáticas não-marinhas de granulometria fina; Microfácies sedimentares; Microfácies químicas; Mapas elementares

Área

TEMA 08 - Sistemas petrolíferos, exploração e produção de hidrocarbonetos

Autores/Proponentes

Iraelly Gomes Luiz, Josiane Branco Plantz, Nathalie Díaz, Hélisson Nascimento Santos, Jeferson Santos, Leonardo Borghi