Dados da Submissão
Título
CARACTERIZAÇÃO SEDIMENTOLÓGICA E GEOQUÍMICA DA FORMAÇÃO PONTA GROSSA (DEVONIANO DA BACIA DO PARANÁ) EM UM ARCABOUÇO ESTRATIGRÁFICO SEQUENCIAL
Texto do resumo
Rochas microclásticas, ou seja, rochas constituídas majoritariamente por partículas <0,062mm, apesar de representarem grande parte do registro geológico sedimentar, ainda carecem de estudos detalhados, principalmente, os que buscam pormenorizar seus aspectos texturais, de difícil observação devido ao tamanho diminuto das partículas, e integrar diferentes técnicas de análise e escalas de investigação. Com base nisto, o presente estudo objetiva a caracterização sedimentológica (através de fácies e microfácies), e geoquímica (através de ensaios de carbono orgânico total (COT) e Pirólise Rock-Eval) de rochas microclásticas da Formação Ponta Grossa (Devoniano da Bacia do Paraná), considerando o arcabouço estratigráfico sequencial previamente estabelecido. As sucessões utilizadas neste estudo de caso correspondem a duas sequências T-R, interpretadas na base (D200) e na porção intermediária (D500) do testemunho do poço 2-TB-1-PR, perfurado na borda leste da bacia e amostrado continuamente até 451,60m de profundidade. Foram identificadas sete fácies sedimentares, das quais M1 e M2 englobam, respectivamente, os argilitos finamente laminados e os argilitos com acamamento riscado; M3 e M4 os siltitos com diferentes intensidades de bioturbação e percentuais de argilosidade; H1 e H2 as rochas com acamamento heterolítico lenticular e H3 as rochas com acamamento heterolítico fláser. As microfácies (M1a, M2a, M2b, M3a, M3b, M4a, M4b, H1a e H3a) representam um detalhamento das fácies, quando observadas em lâmina petrográfica. Fácies e microfácies apontam para deposição em um ambiente marinho raso, plataformal, entre o shoreface (médio a inferior) e o offshore (proximal a distal), sujeito a ação de ondas de tempestade, algo que é reiterado pelo predomínio de mistura de querogênio dos tipos II e III. Apesar do padrão de ocorrência das fácies ser bastante similar entre as duas sequências analisadas, algumas variações são facilmente identificadas. Por exemplo, a fácies mais argilosa (M1) ocorre exclusivamente no TST de D500, que também apresenta os maiores valores de COT medidos, indicando condições de deposição sob maior lâmina d’água, mais favorável para a decantação de finos e, também, para a deposição e preservação de matéria orgânica. M2, característica do TST de D200, indica que, mesmo abaixo do nível base de ação de ondas de tempestade, a sedimentação pode ser bastante dinâmica. Além do constante aporte de silte proveniente da remobilização de sedimentos da plataforma interna para a externa, em eventos de alta energia, há input de sedimentos continentais, como indica a recorrência de querogênio tipo III. No TSR de D200, a preservação de querogênio tipo I, de origem lacustre, evidencia uma significativa restrição na circulação marinha, ratificando a complexidade dos mecanismos deposicionais da Formação Ponta Grossa. Comparativamente, o TSR de D500 concentra as maiores espessuras das fácies sílticas e heterolíticas, sendo H3 exclusiva desta sequência. Isto indica que, além do maior nível do mar, tem-se em D500 um maior aporte de sedimentos macroclásticos, o que dificulta a preservação da matéria orgânica e se reflete nos menores valores de COT medidos. De modo geral, as sequências analisadas não apresentarem um bom potencial de geração, o que é alcançado de forma pontual em amostras das fácies M1 e M2 presentes nos TST’s. Dados de temperatura indicam que tais rochas não atingiram a temperatura necessária para a geração, sendo majoritariamente imaturas.
Palavras Chave
Fácies e microfácies de rochas argilosas; Carbono Orgânico Total (COT); Pirólise Rock-Eval; Testemunho de sondagem
Área
TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia
Autores/Proponentes
Maria Clara Reis, Josiane Branco Plantz, Leonardo Borghi