51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

AMARRAÇÕES PALEOGEOGRÁFICAS DA SEQUÊNCIA DE DOLOMITOS E FOSFORITOS EDIACARANOS DA FORMAÇÃO BOCAINA (GRUPO CORUMBÁ)

Texto do resumo

A Formação Bocaina (ca. 555 Ma) é uma sequência carbonática marinha rasa pertencente ao Grupo Corumbá (Ediacarano), que precede a emergência dos primeiros metazoários excretores de esqueleto macroscópicos. Posiciona-se tectonicamente no contexto da Faixa Paraguai Sul, deformada durante o evento Brasiliano e é reconhecida pela presença abundante de microbialitos, com composição majoritariamente dolomítica associada à fosforitos e silexitos. Por se estender por mais de 450 km em duas regiões do Mato Grosso do Sul - a região de Corumbá, à noroeste e a região da Serra da Bodoquena, à sudeste -, o estabelecimento de uma correlação entre tais regiões é desafiador por variações faciológicas e unidades subjacentes distintas. Apesar de apresentar depósitos econômicos de fosfato e um rico arcabouço micropaleontológico, a Formação Bocaina é desprovida de uma paleogeografia bem definida. Este estudo visa reconstruir modelos paleogeográficos, compilando dados preexistentes com novos afloramentos e seções estratigráficas descritas. Análises em campo, de amostras de mão, petrografia clássica e isótopos estáveis foram utilizados para compreender a estratigrafia e os ambientes deposicionais da unidade. Softwares de Informação Geográfica foram utilizados para compilar dados de afloramentos, mapas geológicos e aerogeofísicos. Também foi possível realizar a reconstituição tectônica de perfis geológicos confeccionados na região da Serra da Bodoquena a partir do software PE Move Suite, o que permitiu compreender as extensões pré-deformacionais da Bacia de Corumbá. O topo da Formação Bocaina é bem definido pelo contato com a Formação Tamengo, que pode ser erosivo, com o aparecimento das brechas polimíticas, arenitos basais ou, em raras ocasiões, contato gradual e rítmico entre dolomitos e calcários negros. A base, apesar de sempre se assentar sob uma superfície erosiva, aparece de forma distinta nos afloramentos estudados. As observações sugerem que a Formação Bocaina foi depositada em contexto de plataforma carbonática, no qual as fácies de água rasa (supra e intermaré) são restritas à região de Corumbá e à porção extremo-oeste da Serra da Bodoquena, com presença de fácies com estruturas tepee com presença de possíveis pseudomorfos de minerais evaporíticos, conglomerados de seixos planos e pack-grainstones com seixos negros, que juntas formam a área de planície de maré da Formação Bocaina. A região central da Serra da Bodoquena, é dominada por mudstones de inframaré, com presença pontual de esteiras microbianas, interpretadas como fácies de laguna. Na região leste da Serra da Bodoquena, ocorre um corpo de extensão N-S de baixios oolíticos e recifes microbialíticos de barreira, onde se concentram as rochas fosfáticas, que gradam para fácies de talude, com presença de olistólitos, e de interior de bacia para leste. No entanto, os baixios são mais evidentes na região de Corumbá, com presença de oóides gigantes (>2 mm) e grãos terrígenos, que aparecem como um corpo semi-contínuo na direção NNE-SSW. Duas importantes questões ainda demandam mais estudos: seja se a Bacia de Corumbá seria restrita ou conectada aos oceanos globais no momento de deposição da Formação Bocaina, seja a fonte de fosfato e a existência – ou não – de correntes de ressurgência.

Palavras Chave

Ediacarano; Paleogeografia; Faixa Paraguai Sul; Grupo Corumbá

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

Vinícius Cardoso-Lucas, Paulo César Boggiani, Henrique Albuquerque Fernandes, Lígia Stama, Ginaldo Ademar da Cruz Campanha