Dados da Submissão
Título
CONSTRUÇÃO DE LINHA DE BASE PARA O RIO BRANCO: ANÁLISE TEMPORAL E GEOMORFOLÓGICA DOS ÚLTIMOS TRINTA ANOS DE DESCARGA SÓLIDA E LÍQUIDA NO ESTADO DE RORAIMA
Texto do resumo
Roraima é o estado brasileiro localizado mais ao norte do país, faz fronteira com o Amazonas (S e SO), Pará (SE), Venezuela (O e NO) e Guiana (N, NE e E) e apresenta um delicado contexto socioambiental, onde 70% dos 224.301 km² de seu território são constituidos por Unidades de Conservação e Terras Indígenas, sendo assim, protegidas por lei, apresenta ainda a menor densidade demográfica do país com 2,85 habitantes por km² e população residente total de 636.303 pessoas.
Dentro deste contexto encontra-se um problema estrutural que aflige a população local: a insegurança energética. A matriz energética de Roraima é dividida em duas fontes, a nacional que consiste majoritariamente em energia termoelétrica e a energia importada da Venezuela. Como tentativa de remediar este problema, o estado de Roraima tem projetos de 17 barragens para instalação de Usinas Hidroelétricas – UHE nos seus principais rios, sendo o maior destes projetos o da UHE de Bem Querer, no rio Branco, que possui em seu projeto a criação de um reservatório de 500km² com previsão de gerar 650MW de energia.
A bacia do rio Branco integra a bacia do rio Negro, que por sua vez ao juntar-se com a bacia do Solimões dá origem a maior bacia hidrográfica do planeta, a bacia Amazônica. Dentro deste contexto fica evidente que quaisquer tipo de intervenção antrópica neste meio requer extremo cuidado, especialmente quando se trata de grande estruturas, como as hidroelétricas. Para mensurar e compreender a magnitude dos possíveis impactos da instalação da UHE de Bem Querer, é preciso primeiro compreender completamente o funcionamento do rio Branco, portanto o intuito do presente trabalho é compilar e tratar dados hidrológicos das estações dispostas ao longo da calha do rio Branco, ao mesmo tempo em que são realizadas análises temporais de imagens de satélite buscando identificar alterações geomorfológicas ao longo do tempo.
Para alcançar estes objetivos foram obtidos dados hidrométricos de quatro estações por intermédio do SO-HYBAM (Hidro Geoquímica da Bacia do Amazônica), que foram tratados e resultaram em gráficos que demostram a razão entre Vazão (Q), Descarga Sólida (Qss) e Cotas. As análises temporais foram realizadas de duas maneiras, a primeira utilizando a ferramenta de timelapse do Google Earth e a segunda utilizando o Google Colab em conjunto com o Google Earth Engine – GEE, onde foi aplicando o tratamento NDWI aos mosaicos de imagens, destacando o curso da água entre os anos de 2012 e 2020 nos períodos de médias e cheias, o tratamento não se mostrou efetivo para momentos de estiagem, portanto este estudo foi descartado.
Como resultado foi constatado que a bacia do rio Branco possui comportamento homogêneo, com o pico das cotas ocorrendo entre os meses de junho a agosto, e os meses de estiagem se distribuindo entre novembro e fevereiro, o comportamento de Q é homólogo ao das cotas, a variante se encontra na Qss que possui seu pico entre maio e julho. Quanto a análises temporal, foi verificado que desde 1990 o rio Branco se mantém estável e sem variações em seu curso, porém duas feições geomorfológicas foram identificadas neste estudo, ilhas e barras arenosas, as ilhas somam um total de 350, são feições constantes e estáveis, enquanto as barras arenosas são instáveis, com sua maior concentração ocorrendo nos períodos de estiagem, entre 2012 e 2020 foram identificadas sete variantes desta feição.
Palavras Chave
Hidrogeologia; Geomorfologia; Geoprocessamento
Área
TEMA 02 - Recursos Hídricos e Geociências Ambientais
Autores/Proponentes
Carlos Kim Taniguchi, Naziano Pantoja Filizola Júnior