51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

Depósitos de Mn associados à sequência glaciogênica Neoproterozóica do Grupo Macaúbas em Couto de Magalhães de Minas

Texto do resumo

O Gr. Macaúbas, unidade tipo da bacia precursora do Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental, de idade Neoproterozoica, possui seus registros expostos no sudeste do Brasil. Desde a década de 1930, o nome Macaúbas aparece na literatura geológica internacional com referência à unidade sedimentar pré-cambriana que inclui rochas de origem glacial (Moraes 1929; Moraes & Guimarães 1931; Karfunkel & Karfunkel 1976). A Fm. Serra do Catuni registra parte da sedimentação de origem glacial do Gr. Macaúbas compreende, na região de Couto de Magalhães de Minas-MG, uma sequência de metadiamictitos, quartzitos e filitos localmente associada a depósitos de Mn. Este trabalho caracteriza essa sequência de rochas de forma inédita e apresenta dados estratigráficos que permitiram propor um modelo paleoambiental e paleoquímico para os depósitos de Mn associados à sequência glaciogênica da Fm. Serra do Catuni. Além disso, busca-se estabelecer associações com modelos previamente propostos na literatura para depósitos manganesíferos formados em contexto de glaciação. Os depósitos de manganês estudados ocorrem de duas formas distintas, com variações em termos de espessura, volume e tipo de associação de rochas. (I) xisto manganesífero, de coloração preto-azulada, composto por quartzo, sericita e óxidos/hidróxidos de manganês. O bandamento é caracterizado por níveis silicosos centimétricos intercalados a níveis manganesíferos. Esta rocha está localmente intercalada a xisto carbonoso. (II) canga manganesífera, situada em altos estruturais, resultante de processos de enriquecimento supergênico. A ocorrência de depósitos de Mn intercalados a metadiamictitos sugere um modelo de sedimentação associado a um ambiente marinho anóxico em contexto de deglaciação. Nesse tipo de ambiente a precipitação autigênica óxidos de Mn possivelmente é fortemente influenciada pela atividade vulcânica submarina e subordinadamente por black smokers, em zonas tectonicamente ativas que precedem a fase de espalhamento oceânico. Esta relação pode ser contextualizada a margem passiva que antecedeu a formação de crosta oceânica durante a fase mais evoluída da Bacia Macaúbas na transição do período Criogeniano para o Ediacarano. Durante esse período, as precipitações de Mn e Fe foram condicionadas por mudanças dos mecanismos bioquímicos, influenciadas pelas mudanças climáticas durante o evento Snowball Earth que criou um ambiente redutor nos oceanos. Durante a fase de deglaciação, ao final do Criogeniano ocorreu a reintrodução de oxigênio nos oceanos (Neoproterozoic Oxygenation Event - NOE), possibilitando a precipitação desses elementos na forma de óxidos (Hiatt et al., 2020). Depósitos com origem e cronologia semelhantes foram descritos em duas regiões distintas: na Namíbia (Fm Chuos), e no Mato Grosso do Sul (Fm Santa Cruz). Ambas são unidades sedimentares Neoproterozoicas compostas por diamictitos associados a formações ferríferas e indicam mudança de um ciclo glacial para um interglacial (Hiatt et al., 2020; Le Heron et al., 2013). A estratigrafia da Fm. Serra do Catuni apresentada neste trabalho mostra que depósitos de Mn associados a rochas de origem glacial refletem processos sedimentares e condições físico-químicas paleoambientais complexas, assim como postulado para depósitos similares formados durante o período Criogeniano em outras partes do mundo.

Palavras Chave

Manganês; mapeamento geológico; GRUPO MACAÚBAS; Snowball Earth.

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

Maria Clara Nascentes Morgado, Thales Henrique Stilhano Cordeiro, Daniel Augusto Miranda Gonçalves, Emílio Evo Magro Corrêa Urbano , Marco Paulo de Castro