51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

CICLOS MAGMÁTICOS PALEOPROTEROZOICOS DO CRÁTON AMAZONAS: DIMENSÕES, EVOLUÇÃO GEOQUÍMICA E AMBIENTAÇÃO GEOTECTÔNICA

Texto do resumo

Um terço da área do Cráton Amazonas (~ 2.000.000 km²) é coberta por províncias ígneas Orosirianas e Estaterianas. Neste trabalho apresentamos uma revisão integrada de litologias, assinaturas geoquímicas e isotópicas, jutamente com dados geocronológicos de U-Pb em zircões disponíveis na literatura. Os dados geocronológicos apontam a existência de três ciclos de intensa atividade magmática intercalados em intervalos de aproximadamente 100 Ma: Ciclo 1 (C1 – 2014 a 1967 Ma, duração: 47 Ma, área total: 466.364 km²), Ciclo 2 (C2 – 1908 a 1865 Ma, duração: 43 Ma, área total: 1.196.783 km²) e Ciclo 3 (C3 – 1826 a 1747 Ma, duração: 79 Ma, área total: 406.137 km²). Os ciclos exibem litologias vulcânicas similares, dominadas por ignimbritos silícicos (ricos em cristais/púmice e reomórficos) e tufos com estratificação cruzada, interpretados como produtos de correntes de densidade piroclástica. Dacitos e riolitos afaníticos a moderadamente porfiríticos são menos abundantes e interpretados como fluxos de lava. Andesitos, basaltos e raros lamprófiros também ocorrem. As rochas vulcânicas estão geralmente associadas a rochas sedimentares vulcanoclásticas e epiclásticas depositadas em diversos ambientes sedimentares. Mais de 90% das rochas intrusivas mostram uma variação composicional entre tonalitos e álcali-feldspato granitos. Gabros, anortositos, rochas máfico-ultramáficas e charnockitos representam menos de 10% das intrusivas e estão relacionadas aos ciclos 1 e 2. Dados de geoquímica de rocha total mostram C1 e C2 como trends contínuos desde andesitos basálticos até riolitos, enquanto C3 é bi-modal. Apesar disso, as rochas dos três ciclos possuem assinaturas geoquímicas muito próximas. Padrões de elementos-traço de rochas com menos de 55% de SiO2 e mais de 55% de SiO2, em peso, são próximos das assinaturas da crosta continental inferior e superior, respectivamente. Assinaturas isotópicas indicam um variável retrabalhamento de crosta arqueana na porção leste do cráton, e de crosta paleoproterozoica na sua porção oeste, com algumas excessões. Os magmas foram gerados por processos de mistura de magmas em zonas MASH (melting, assimilation, storage and homogenization) e diferenciaram ao longo de colunas de distilação de mush. Estes processos geraram diversas composições, incluindo rochas do tipo-I e do tipo-A. Na crosta superior, processos de AFC (assimilation and fractional crystallization), envolvendo a assimilação de crosta ligeiramente mais antiga, são demonstrados pelas populações de zircões herdados. Após uma avaliação crítica, concluímos que as províncias representadas pelos ciclos 1 e 2 são possíveis remanescentes de grandes províncias ígneas silícicas, enquanto o C3 não se enquadra nos critérios pois possui uma duração muito longa. Os eventos geológicos temporalmente correlatos com as províncias ígneas indicam um ambiente orogênico com alto fluxo de calor durante o C1. Durante C2 é registrada a transição de um magmatismo de arco magmático para um magmatismo intra-placa. Para C3, modelos puramente tafrogênicos e puramente orogênicos são apresentados na literatura. As províncias ígneas estudadas se desenvolveram durante os episódios de assembleia do supercontinente Columbia e são relacionadas a orogênese acrescionária dominante.

Palavras Chave

Crosta Continental; Paleoproterozoico; Cráton Amazonas; Ciclos Magmáticos

Área

TEMA 19 - Magmatismo e Processos Petrogenéticos

Autores/Proponentes

Matheus Simões, Marcelo Vasquez, Túlio Mendes, Carlos Sommer