Dados da Submissão
Título
EDUCAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS INCLUSIVA: A RECONSTRUÇÃO DA ATIVIDADE “LINHA DO TEMPO GEOLÓGICO” PARA DEFICIENTES VISUAIS
Texto do resumo
O reconhecimento da escala do tempo geológico é fundamental para a compreensão da evolução da vida na Terra. Esse conceito pode ser abordado por uma atividade de representação do tempo de evolução do planeta em uma faixa de 4,6 m de comprimento, em que cada milímetro representa um milhão de anos. Algumas cartas com os principais eventos da evolução da vida são utilizados para indicar na faixa o período/era correspondente à ocorrência do evento, sequenciados por um gabarito que corrige os eventuais erros de posicionamento. Esta atividade, em geral, é realizada com cartas contendo texto e imagens. Porém, para estudantes com deficiência visual ou baixa visão, a atividade se torna inacessível. Considerar os princípios do Desenho Universal na elaboração dos materiais didáticos é uma forma de contornar esse problema. Tais princípios indicam que algo desenhado, pensando em superar uma barreira que uma pessoa possa ter frente a um objeto ou situação, pode ser útil para melhorar a experiência de todas as pessoas. Neste projeto em andamento, estamos produzindo a atividade da escala do tempo geológico, substituindo as cartas, originalmente com textos e imagens, por placas escritas em Braille, modeladas e impressas em impressora 3D. Cada evento é composto de um par de placas: a placa de desafio e sua correspondente com o gabarito, que encaixa como um quebra-cabeças na fita do tempo geológico. O gabarito contém o texto do evento em Braille e letra bastão e o período, em milhões de anos, também em Braille e em algarismo arábico. A placa “desafio” é semelhante, porém ao invés da inscrição do período ela contém a informação do evento e sua representação em relevo. Conforme os princípios do Desenho Universal, o texto e os números são escritos em fonte grande, sem serifa e pintados em cor contrastante ao fundo. Para o relevo, buscamos modelos tridimensionais gratuitos disponibilizados por pesquisadores e modeladores em bibliotecas digitais de modelos 3D (dinossauros, plantas etc.). As placas são modeladas no ‘software’ Blender, e os modelos dos seres vivos são ajustados para o tamanho da placa, e acrescentados os textos em letra bastão e Braille. O texto em Braille é obtido com ajuda de um tradutor digital desenhado para impressão 3D de texto nessa linguagem, e a tradução obtida é conferida com especialista. As placas serão aplicadas a estudantes com e sem deficiência visual, para teste e adequação. Adicionalmente, são impressos modelos em 3D de seres vivos, que acompanharão a atividade, para discutirmos fossilização e o processo de reconstrução temporal a partir de fósseis. Os arquivos modelados serão posteriormente disponibilizados gratuitamente de forma eletrônica, por meio de parcerias com a SBG e Comissão de Educação em Geociências para Educação Básica - COGEB. As placas impressas, acompanhando uma faixa da idade da Terra em escala com as divisões nas cores estabelecidas pela Sociedade Estratigráfica Internacional, serão utilizadas com alunos visitantes e disponibilizadas para empréstimo a escolas pelo Espaço Ciências Cultura Educação – ECCE da EACH-USP. A aplicação dos princípios do Desenho Universal para a elaboração de atividades didáticas não apenas aumenta a acessibilidade da atividade a estudantes com deficiência, como oferece novas possibilidades de aprendizagem para estudantes regulares.
Palavras Chave
ensino de geociências inclusivo; deficiência visual; Desenho Universal; ensino de paleontologia
Área
TEMA 01 - Geociências para a sociedade e Geoética
Autores/Proponentes
João Gabriel dos Santos Godinho, Elen Cristina Faht, Fabiana Curtopasse Pioker-Hara, Rosely Aparecida Liguori Imbernon