51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIA APLICADA À INTERPRETAÇÃO DO CAMPO DE RONCADOR – BACIA DE CAMPOS - BRASIL

Texto do resumo

O estudo da estratigrafia de sequência nos revela a dinâmica tectônica e climática dos ambientes costeiros e marinhos. Estes dois fatores são determinantes no tipo de sedimento a ser depositado, na alteração do nível de base e nas espessuras das camadas formadas. A Bacia de Campos evoluiu através de três principais fases tectônico-estratigráficas de primeira ordem: Rift, Pós-Rift e Drift. No Campo de Roncador, o principal reservatório produtor de petróleo são as Areias Roncador (RO), que pertencem à fase de Drift da bacia. Após a interpretação sísmica e de perfil de poços, o arenito Roncador (segunda ordem) foi subdividido em três zonas, RO400, RO300 e RO200, compostas por depósitos turbidíticos de idades entre o Campaniano e Maastrichtiano. De acordo com o zoneamento biocronoestratigráfico, a sequência deposicional RO400 teve a duração de aproximadamente 5,6 milhões de anos; a RO300 de aproximadamente 2,0 milhões de anos; e a RO200 de aproximadamente 1,9 milhões de anos. O tempo decorrido de cada uma destas sequências deposicionais é compatível com sequências de terceira ordem (Schlager, 2004). Em nível de bacia, é possível fazer uma inferência de que toda a seção sedimentar de Roncador pode representar depósitos do trato de mar baixo de uma sequência de segunda ordem, sendo as duas espessas seções argilosas que encapsulam toda a coluna sedimentar de Roncador, depósitos preferencialmente transgressivos destas sequências de longo termo. A sequência de terceira ordem RO400 representaria os estágios iniciais da descida do nível de base da sequência de longo termo (segunda ordem), quando a área fonte se encontra distante na plataforma, a qual ainda não foi totalmente exposta. Os depósitos arenosos deste estágio inicial normalmente não são representados por preenchimento de feições intensamente erosivas, uma vez que neste estágio as erosões acontecem preferencialmente na porção do talude superior formando cânions que atuam fundamentalmente como condutos para passagem de fluxos gravitacionais. Estes cânions só são totalmente preenchidos e colmatados nos tratos de sistemas transgressivos de longo termo (Figueiredo et al. 2010). Ainda dentro da sequência de segunda ordem, mas em um estágio posterior, quando o nível de base da bacia encontra-se abaixo da quebra da plataforma, tem-se o momento no qual, no talude médio/inferior, local do caso estudado neste trabalho, os fluxos gravitacionais adquirem caráter erosivo, escavando cânions e/ou canais submarinos. Os mapas de isópacas dos depósitos RO300, principalmente a RO330s, sugerem que estes depósitos são confinados em calhas intensamente incisivas, logo os mesmos são interpretados dentro do contexto estratigráfico de descida máxima do nível de base na bacia. Na porção mais superior da seção sedimentar analisada aparecem os depósitos RO200, os quais são preferencialmente desconfinados, porém, ainda apresentam, conforme demonstrados nos dados sísmicos, depósitos confinados, mas não no grau dos RO300. Modelo de evolução estratigráfica semelhante e que corrobora esta interpretação foi apresentado por Figueiredo et al. (2010) e Flint et al.(2011) para a Formação Laingsburg do grupo Ecca na Bacia do Karoo, África do Sul.

Palavras Chave

Estratigrafia de sequência; Campo de Roncador; sequências deposicionais.

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

Olavo Augusto Gomes Linhares, Jorge de Jesus Picanço de Figueiredo