51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA ÁREA RASTEJO EM OURO PRETO (MG) PELA COMPARAÇÃO ENTRE DUAS SÉRIES TEMPORAIS DE DADOS INSAR

Texto do resumo

Ouro Preto está localizada em uma área de complexo contexto geológico e geotécnico, e devido ao Ciclo do Ouro ocorrido no século XVIII, o município passou por um povoamento desordenado com grande parte da população ocupando encostas e áreas de risco e de grande instabilidade na cidade. A mineração que ocorria a céu aberto em algumas regiões depositava, após o desmonte, o material encosta abaixo sem nenhum planejamento, gerando uma região instável e propícia a movimentos de massa. Segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), há hoje em Ouro Preto, 313 áreas classificadas como áreas de risco, o maior número do país por município, contendo cerca de 882 domicílios em situação vulnerável. Assim, torna-se relevante compreender a evolução temporal e espacial da evolução de fenômenos de movimento de massa no município. Dentre eles, destaca-se o movimento de rastejo observado entre os bairros Taquaral, Piedade e Morro Santana. O movimento de rastejo é descrito na literatura como um movimento de massa lento influenciado pela gravidade. Esse fenômeno pode se desenvolver e ser agravado devido a algumas condições do ambiente, principalmente a saturação do solo por água nas épocas com maior incidência de chuvas. Feições como fissuras, árvores com troncos tortuosos e ressaltos no solo são indicadores da ocorrência dessa movimentação. Para compreensão do desenvolvimento do fenômeno de rastejo mapeado na região, foram analisadas duas séries temporais de deslocamentos superficiais medidos por dados de radares de abertura sintética (SAR) aliados à aplicação da técnica de interferometria (InSAR). Para cada série temporal foram consideradas aproximadamente 40 imagens empilhadas, processadas a partir da recuperação de refletores persistentes. Foram aplicadas técnicas de análise estatística e geoprocessamento para investigação espaço-temporal do fenômeno. Para comparação entre ambas séries temporais foram avaliadas velocidades médias e aplicados testes estatísticos para fins de comparação entre médias de deslocamentos para cada tempo investigado. Os dados de coerência interferométrica também foram investigados de forma similar para fins de avaliação de eventuais degradações na qualidade de sinal medido ao longo do tempo. Para análise da evolução espacial dos deslocamentos foram adotadas reamostragens dos refletores persistentes por meio de grades regulares. Foram testadas diferentes configurações de grades - variando área e geometria. Ao final, o produto da análise foi um mapa de variações de velocidade entre séries temporais distintas. A partir do estudo conduzido foi possível aplicar metodologias para comparação de séries temporais, reforçando o ganho técnico associado à aplicação do InSAR para monitoramentos urbanos. Além disso, os recursos estatísticos e de geoprocessamento aplicados permitiram a compreensão espaço-temporal da evolução da zona de rastejo reduzindo subjetividades e a partir da reprodução de técnicas visuais para identificação das variações de velocidade.

Palavras Chave

Rastejo; InSAR; Séries Temporais; Movimento de massa; Ouro Preto - MG

Área

TEMA 03 - Risco Geológico, Geologia de Engenharia e Barragens

Autores/Proponentes

Henrique Rodrigues Alves de Souza, Marcos Vinícius Leite Albuquerque, Gabriel Galdino de Magalhães, Maria Eugênia Silva de Souza