51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

ANÁLISE PALEOAMBIENTAL DAS CONDIÇÕES DEPOSITIONAIS DO MAR IRATI-WHITEHILL: PORÇÃO SUL DA BACIA DO PARANÁ

Texto do resumo

O mar Irati-Whitehill foi um mar epicontinental que cobriu o paleo-supercontinente Gondwana durante o Permiano Inferior. Seu registro é observado em diversas bacias na América do Sul e África, com destaque para folhelhos ricos em matéria orgânica (MO) associados com fósseis de Mesossaurus. Na Bacia do Paraná, este registro está presente na Formação Irati, que inclui siltitos, carbonatos e folhelhos ricos em MO, potencialmente geradores de hidrocarbonetos. Este estudo objetivou compreender as condições paleoambientais que permitiram a deposição desses folhelhos ricos em MO no mar Irati-Whitehill, utilizando os testemunhos HV-54 e SC-15, do Rio Grande do Sul - sul da Bacia do Paraná, fornecidos pela CPRM. Focou-se na amostragem detalhada do intervalo rico em MO associado à segunda superfície de inundação máxima da formação. Os dados sedimentológicos foram obtidos por descrição sedimentar, análise de fácies e associações de fácies, além de descrição petrográfica e determinação mineralógica via DRX no IPR-PUCRS. A análise geoquímica incluiu elementos maiores, por FRX no laboratório AcmeLabs, e análise de COT em TRUSPEC/LECO e enxofre (S) em LECO SC-632 no IPR-PUCRS. Elementos sensíveis às condições redox foram analisados em ICP-MS (Element2) no Laboratório de Geologia Isotópica da UFRGS, e a assinatura isotópica de Corg por IRMS no Instituto Lamir da UFPR. Os dados foram tratados estatisticamente usando a linguagem R no Rstudio. Entre os resultados, destaca-se que, o intervalo contínuo rico em MO apresentou três fácies principais nos testemunhos: Fh – folhelhos laminados, Fm – folhelhos maciços e Ht – heterolitos depositados em uma rampa externa. Dados geoquímicos foram usados como proxies para descrever o ambiente paleodeposicional, incluindo salinidade (C/S), oxigenação (Fet/Al, DOPt) e restrição marinha (Cd/Mo e Mo/COT), além dos fatores de enriquecimento em relação ao folhelho médio. A partir desses proxies foi possivel distinguir dois grupos nos gráficos binários: 1) baixo COT (< 5%) e 2) alto COT (> 5%). Porém, utilizando o agrupamento k-means que gera clusters com base na similariedade das amostras, pode-se diferenciar 3 grupos: um grupo caracterizado por amostras com baixo teor de COT (1,06%) e enxofre (0,12%) e Fet/Al menor que 0,5% que indica deposição em um ambiente subóxico, e dois grupos de alto COT. Esses dois grupos de alto COT apresentam Fet/Al > 0,5% indicando deposição euxínica, baixos valores de Mo/COT sugerindo restrição marinha e enriquecimento em Mo, Cd e U. A principal distinção entre esses dois grupos é a salinidade, com um grupo indicando deposição em ambiente salobro (6%) e o outro em ambiente de água doce (>10%). Esses resultados demonstram a variabilidade das condições paleoambientais durante a segunda transgressão máxima da Formação Irati. Em que o sistema deposicional era provavelmente lacustre ou marinho restrito, com variabilidade nas condições de restrição. E com a coluna d'água possivelmente estratificado, com água doce na superfície e água marinha no fundo, variando entre oxigenado e anóxico.

Palavras Chave

Irati-Whitehill; Formação Irati; anoxia; Permiano; COT.

Área

TEMA 08 - Sistemas petrolíferos, exploração e produção de hidrocarbonetos

Autores/Proponentes

Jhenifer Caroline Silva Paim, Juliana Charão Marques, Karin Goldberg, Diogo Pompeu Moraes