51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

BASELINE GEOQUÍMICO E MINERALOGIA DOS SOLOS DO ENTORNO DA ÁREA AFETADA PELO ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE REJEITOS DE CÓRREGO DO FEIJÃO, BRUMADINHO, MINAS GERAIS, BRASIL

Texto do resumo

Em 25/01/2019, ocorreu o rompimento das barragens de rejeitos B1, B4 e B4A, localizadas no complexo da Mina Córrego do Feijão, no município de Brumadinho, estado de Minas Gerais. Em função da presença remanescente de depósitos de rejeitos nas planícies fluviais da sub-bacia, tornou-se necessário compreender o contexto geoquímico do solo local, realizando-se uma caracterização geoquímica que pudesse ser utilizada para novos estudos, e proposições de recuperação do ambiente. Desta forma, este estudo visa determinar os valores de baseline geoquímico e caracterização mineralógica da região de entorno do ribeirão Ferro-Carvão, município de Brumadinho (MG). Para isso definiu-se 38 pontos amostrais de solo, que foram mapeadas a partir da combinação de critérios pedológicos, geológicos e de uso e ocupação, dos quais as amostras foram submetidas à análise de metais pela metodologia USEPA 3050B e mineralogia pela metodologia de Difração Raios-X (DRX). Para determinar os valores de baseline de 14 elementos (Al, Fe, Mg, Ca, Mn, K, Ti, As, Ba, Cr, Cu, Pb, Sb e Zn), utilizaram-se cinco metodologias amplamente adotadas na literatura geoquímica: Percentil 75, média + 2x desvio padrão (DP), mediana + 2x MAD, Box plot Upper Inner Fence (UIF) e Análise Fractal. Para análise de DRX foram avaliados os minerais quartzo, k-feldspato, mica, caulinita, gibbsita, goethita, hematita, magnetita, ilmenita, anatásio, rutilo e calcita. Os resultados de baseline indicaram que o percentil 75 apresentou para a maioria dos elementos, os valores mais restritivos, subestimando a faixa de referência. A mediana + 2x MAD também demonstrou baixos valores em comparação às outras técnicas, proporcionando um elevado número de pontos anômalos para todos os elementos, entre 18% a 40% do total. A metodologia da Média + 2x desvio padrão, apresentou para grande parte dos elementos, os valores mais altos dentre todas as metodologias aplicadas, o que poderia superestimar o valor de baseline e caso fosse adotada, praticamente não seriam observadas anomalias. Verificou-se que as técnicas do Boxplot UIF e da Análise fractal demonstraram valores semelhantes, sugerindo uma faixa de convergência para a definição do valor de baseline. Entretanto, os valores de Boxplot UIF foram sempre inferiores aos calculados pela média + 2x DP, e por isto, esta metodologia não superestimou os valores de baseline, sendo a mais adequada para a área estudada, pois é a mais condizente com a realidade do contexto geológico local, demonstrando um percentual de anomalias semelhante a outros trabalhos. Com relação à análise de DRX, pôde-se constatar que os minerais quartzo, caulinita e gibbsita foram amplamente predominantes, representando em média, respectivamente, 58%, 16% e 15% da composição mineralógica da região estudada. Confirmando a presença destes minerais alumino-silicatados, observou-se que o somatório dos teores de quartzo, caulinita, K-feldspato, mica e gibbsita, representaram, em média, 91,9% da mineralogia dos solos naturais, ao passo que, os minerais férricos e ferrosos (hematita, goethita e magnetita) compreenderam 7,7% do conteúdo médio mineralógico, ao contrário dos rejeitos de mineração ricos em minerais de ferro. Desta forma, diante da caracterização geoquímica e mineralógica realizada na região do ribeirão Ferro-Carvão, foi possível identificar os minerais predominantes, além de avaliar que a melhor metodologia de estatística baseline dos elementos químicos é a do Boxplot UIF.

Palavras Chave

solos; geoquímica; Bacia do Rio Paraopeba; mineralogia

Área

TEMA 02 - Recursos Hídricos e Geociências Ambientais

Autores/Proponentes

Caroline Zanetti de Carvalho, Nathalia Carmona, Raphael Vicq, Gabriela Rodrigues, Marcelo Gonçalves