51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

Estudo das Argilas dos Vales dos Rios Doce e Jequitinhonha – Estado de Minas Gerais

Texto do resumo

O projeto “Estudo das argilas dos vales dos Rios Doce e Jequitinhonha-MG” foi desenvolvido pelo Serviço Geológico do Brasil e executado pela Gerência de Geologia e Recursos Minerais da Superintendência Regional de Belo Horizonte, com supervisão nacional da Divisão de Minerais Industriais (DIMINI) e coordenação geral do Departamento de Recursos Minerais (DEREM). Os dados obtidos nesse projeto foram sintetizados em um Informe de Recursos Minerais da Série Rochas e Minerais Industriais, publicado em 2021. Este produto reúne informações geológicas e de recursos minerais sobre uma área total de 38.200 km2, no estado de Minas Gerais, dividida em dois setores: (I) Leste, no Vale do Rio Doce, abrangendo a região entre os municípios de Governador Valadares, Açucena, Galiléia e Caratinga e; (II) Nordeste, localizado no vale do Rio Jequitinhonha, abrangendo os municípios de Itinga, Araçuaí, Virgem da Lapa, Caraí e Novo Cruzeiro. O projeto teve como objetivo a prospecção e avaliação de depósitos, ocorrências e áreas potenciais de argilas brancas e vermelhas, com sua caracterização no âmbito geológico/ geomorfológico e tecnológico. Informações geológicas, geomorfológicas, mineralógicas e dados de produção da indústria cerâmica foram coletados em 150 pontos, incluindo 47 ocorrências de argila, 27 garimpos, 25 lavras, e 35 olarias. O Setor Leste está inserido entre o Núcleo Antigo Retrabalhado de Guanhães e a parte ocidental da Faixa Móvel Neoproterozoica Araçuaí. Nesta região, a predominância de litotipos com minerais portadores do elemento ferro, tais como granito, tonalito, granodiorito, diorito e norito, resulta em ocorrências de argilas vermelhas. O Setor Nordeste está inserido no domínio ocidental da Faixa Móvel Araçuaí. A presença de suítes intrusivas leucograníticas, pegmatitos e rochas vulcânicas piroclásticas félsicas favorecem a formação de potenciais depósitos de argila branca. Dois terraços aluviais no Setor Leste (localidades de Serraria e Córrego do Rio Preto, municípios de Periquito e Piedade de Caratinga, respectivamente) e um no Setor Nordeste (localidade de Tibuna, município de Novo Cruzeiro) foram selecionados para realização de trabalhos de sondagem a trado e modelagem 3D, com estimativa de volumes dos diferentes materiais presentes. Os modelos apresentados indicam volumes consideráveis de argila (entre 3,2 x 104 a 2,5 x 106 m3) e argila arenosa (entre 2,8 x 104 e 1,6 x 106 m3) destacando o potencial da área para o mercado de cerâmica. Os ensaios tecnológicos realizados em uma amostra de argila vermelha do Setor Leste sugerem que esse material é adequado para a confecção de tijolos maciços, blocos de vedação e blocos estruturais de cerâmica vermelha, e os resultados dos parâmetros analisados (índice de plasticidade, avaliação macroscópica, retração linear de secagem, retração linear de queima, massa específica aparente, absorção de água e resistência à compressão uniaxial) encontram-se dentro dos limites recomendados pelas normas vigentes. Os ensaios de potenciais argilas brancas do Setor Nordeste, realizados em duas amostras, indicam que esses materiais podem ser utilizados na produção de cerâmica, plástico, borracha e concreto de alto desempenho. Os resultados obtidos pelo projeto representam um importante avanço na caracterização geológica/geomorfológica e tecnológica para avaliação da potencialidade mineral das argilas desses setores no estado de Minas Gerais.

Palavras Chave

Cerâmicas; modelagem 3D; Ensaios Tecnológicos; Cadastramento olarias; Potencial mineral

Área

TEMA 12 - Minerais da Transição Energética e Minerais Industriais

Autores/Proponentes

Luiz Paulo Pedrosa Di Salvio, Marcelo Souza Marinho, Joanna Chaves Souto Araujo, Luiz Carlos Bertolino, Luísa Santos de Castro Guerra, Erica Linhares Reis