51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DO PLÚTON SERRA DA LAGOINHA, NE BRASIL

Texto do resumo

Entender a relação de plútons graníticos com processos tectônicos é uma tarefa complicada devido à anisotropia desses corpos, no entanto, sempre há registro de deformação, comumente em microescala, nestes corpos ígneos. A Província Borborema se trata de um orógeno neoproterozoico com registros de atividade magmática e de zonas de cisalhamento, muitas vezes estando correlacionadas. Para a área de estudo, foi escolhida a zona de cisalhamento denominada Boqueirão dos Cochos, bordejada por dois plútons cálcio-alcalinos, estando a norte o Serra da Lagoinha e a sul o Conceição, localizados no extremo oeste do estado da Paraíba. Este estudo visa fornecer um melhor entendimento acerca do possível controle do alojamento dos plútons pela zona de cisalhamento, observado a partir de interpretações de evidências de campo e evidências microestruturais. Os dados levantados em campo revelam diversas estruturas planares, como foliação de fluxo magmático, foliação milonítica, fraturas, veios e zonas de cisalhamento cataclásticas. Em relação a geologia, foi possível identificar 3 fácies, sendo uma porfirítica, uma diorítica e uma fácies híbrida. A fácies principal é a porfirítica, representando 81% da área do plúton, composta por quartzo, k-feldspato, plagioclásio e biotita, sendo os cristais de k-feldspato grossos a muito-grossos, chegando até 8 cm. A outra fácies é a diorítica, ocorrendo em aproximadamente 11% da área, composta majoritariamente por anfibólio e quartzo, possuindo feições de mistura magmática. A fácies híbrida ocorre em aproximadamente 8% da área do plúton e ocasionalmente na borda da intrusão diorítica. Ocorrem enclaves máficos em todas as fácies do plúton. Foram observadas diversas estruturas planares em campo, como foliação de fluxo magmático, e estruturas rúpteis, como zonas cataclásticas, veios e falhas. A foliação magmática é marcada pela orientação do k-feldspato, com duas orientações preferenciais, uma sendo NW-SE, e outra sendo E-W. As zonas de cisalhamento cataclásticas possuem espessura podendo chegar a centimétricas e possui orientação principal sendo NNW-SSE, direção contrária à da Zona de Cisalhamento Boqueirão dos Cochos, que por sua vez é direcionada NE-SW. Veios ocorrem em várias gerações, com aparentemente a mesma composição e diferente tamanho dos minerais, havendo principalmente duas categorias, veios grossos e finos. Os veios grossos são mais antigos, de direção NE-SW, cortados pelos mais finos, de direção NW-SE. Em análises microestrurais, foi possível observar no geral uma textura milonítica e granular orientada, em que os minerais de K-feldspato e plagioclásio se apresentam fortemente alterados. Os minerais mais grossos apresentam microfraturas em seu interior, os contatos entre os minerais são geralmente lobados e foi possível observar feições de deformação nos minerais de quartzo, como extinção ondulante, deformação de subgrãos, formação de
novos grãos e migração de borda de grão. Os dados levantados sugerem que a Zona de Cisalhamento Boqueirão dos Cochos exerce um controle estrutural no plúton, marcado principalmente em níveis mais rasos, evidenciado pela presença de estruturas rúpteis-dúcteis.

Palavras Chave

Província Borborema; Zona de cisalhamento; Microestruturas; ALOJAMENTO DE PLÚTON.

Área

TEMA 17 - Tectônica e Evolução Geodinâmica

Autores/Proponentes

Humberto Alexandre de Paula Correia, Luís Gustavo Ferreira Viegas, Tiago Pedrosa Lyra