Dados da Submissão

Título

Análise comparativa de métodos de mapeamento de suscetibilidade a movimento de massa em escala municipal

Texto do resumo

Os movimentos de massa são eventos resultantes de uma combinação de fatores naturais e antrópicos, que podem causar grandes impactos sociais, econômicos e ambientais, comprometendo a integridade de comunidades quanto a infraestruturas e vidas humanas. Para prevenir e mitigar seus efeitos, o mapeamento de suscetibilidade ao fenômeno é uma prática essencial, capaz de subsidiar medidas de planejamento urbano voltadas a gestão de riscos e desastres. Neste sentido, este estudo teve como objetivo comparar três métodos para o mapeamento de suscetibilidade a movimentos de massa no município de Águas Mornas (SC), de modo a verificar a aplicabilidade e eficácia de cada um. Para tanto, foram aplicados os métodos de análise especial Lógica Fuzzy e Peso de Evidência (WoE), considerando as unidades geotécnicas e declividade; e o método de simulação de fatores de segurança a partir da análise determinística de estabilidade global em taludes infinitos considerando as unidades geotécnicas, seus parâmetros de resistência ao cisalhamento, e a declividade do território. Para a validação dos modelos, adotou-se a Curva ROC considerando uma amostra de 223 cicatrizes de deslizamentos, mapeadas pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM) e pelos autores. Como resultados, foram obtidos quatro mapas de suscetibilidade, sendo dois do método fuzzy (um para gama 0.7 e outro para gama 0.9), um do método WoE, e um dos fatores de segurança simulados. Considerando as quatro classes de suscetibilidade adotadas (baixa, moderada, alta e muito alta), o método fuzzy (gama 0.7) apresentou o cenário mais otimista, com 81% do território em baixa suscetibilidade, enquanto o método de simulação dos fatores de segurança apresentou o cenário mais pessimista, com 58% do território em suscetibilidade muito alta. O método fuzzy (gama 0.9) classificou 46% do território em baixa suscetibilidade, e 46% em moderada. O método WoE, por fim, apresentou um equilíbrio na distribuição entre classes, sendo 45% do município inserido em suscetibilidade alta, 31% em moderada, e 21% em baixa. Observou-se que todos os métodos convergiram para uma classificação de alta a muito alta suscetibilidade em uma localidade do município em que está inserido um trecho de aproximadamente seis quilômetros da BR-282, rodovia de fluxo intenso e significativa importância logística para todo o estado de Santa Catarina. Em termos de validação, o método WoE apresentou o maior valor de acurácia (0,751), seguido do método fuzzy (0,734 para gama 0.9 e 0,718 para gama 0.7). O método de simulação de fatores de segurança, por sua vez, apresentou o menor valor (0,361). Estes valores, no contexto do inventário de cicatrizes de deslizamentos utilizado, indicaram baixa acurácia dos métodos fuzzy e WoE, e predição nula ao método de simulação de fatores de segurança. Conclui-se, portanto, que apesar dos resultados de validação, os métodos não podem ser descartados para o mapeamento na área de estudo, visto que as classificações permitem medidas preliminares de prevenção e mitigação em áreas suscetíveis de ocupação urbana ou de infraestrutura viária como a BR-282. Por fim, destaca-se que os resultados não indicam necessariamente fragilidades nos métodos, e sim potencialidades de otimização desses no que tange a inclusão de mais variáveis de análise e dados de maior precisão.

Palavras Chave

Gestão de riscos e desastres; Lógica fuzzy; Peso de Evidência (WoE); Curva ROC