51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

ANÁLISE MICROTECTÔNICA DO GRANITO ARROIO MOINHO (CANGUÇU/RS): UM ESTUDO DAS REAÇÕES MINERAIS DECORRENTES DA DEFORMAÇÃO

Texto do resumo

A análise microtectônica aliada a análises de química mineral são ferramentas importantes para o entendimento da evolução de rochas associadas a zonas de cisalhamento (ZC). Em ZCs estabelecidas em rochas graníticas, a deformação progressiva leva à formação de milonitos com graus variados de deformação. As reações minerais decorrentes dos processos de deformação geram novas associações minerais, em função, das condições de temperatura (T) e de pressão (P), quantidade de fluidos e de suas composições. Neste contexto, este projeto é dedicado ao estudo da deformação e das reações minerais das rochas do Granito Arroio Moinho (GAM). O GAM representa uma intrusão pertencente ao Batólito Pelotas que evoluiu durante a Orogenia Dom Feliciano no Ciclo Brasiliano e foi condicionado pela Zona de Cisalhamento Dorsal de Canguçu de direção NE-SW e sentido sinitral. As rochas graníticas associadas do Batólito de Pelotas indicam estágios evolutivos de um arco vulcânico e uma margem continental ativa, com subducção de crosta oceânica para oeste. O GAM é constituído por monzo a sienogranitos com características químicas intermediárias às séries cálcico-alcalinas e shoshoníticas. O estabelecimento de ZC originou rochas protomiloníticas a ultramiloníticas, estas variações são, em geral, gradacionais, permitindo a observação da evolução das transformações decorrentes do processo de deformação. Estas definem zonas estreitas de deformação de caráter anastomosado com espessuras de 5 a 10m, sendo comum, a presença de faixas da ordem de poucos centímetros, especialmente desenvolvidas nas proximidades da borda oeste do corpo e com direção preferencial N35º - 75º e sentido sinistral. A rocha apresenta textura hipidiomórfica porfirítica grossa, composta por megacristais de feldspato alcalino com tamanhos de aproximadamente 3,0 cm até 8,0 cm, em matriz equigranular fina, composto principalmente por plagioclásio, hornblenda, biotita e quartzo. Os minerais acessórios identificados são, titanita, epidoto, alanita, apatita e opacos. Em pontos de maior concentração de deformação a recristalização é observada em limites de grãos e em bandas de deformação. Os constituintes principais do granito, como o quartzo e feldspato apresentam feições de deformação essencialmente dúcteis e de deformação frágil-dúctil, respectivamente. Já minerais como anfibólio, titanita e alanita têm um comportamento rígido, respondendo à deformação através do fraturamento. O anfibólio e o oligoclásio são submetidos a transformações químicas decorrentes da deformação, ocorrendo assim, a neoformação de k-feldspato secundário e de biotita. Além destas transformações, há formação de novas fases minerais como albita, epidoto, titanita e mica branca. As trocas químicas observadas são a redistribuição de elementos, especialmente o Fe e o Ti, a perda relativa de Ca e o ganho de Na em pequenas proporções. As microestruturas miloníticas evidenciam que as trocas químicas se desenvolveram por processos de difusão induzida pela deformação, plasticidade cristalina e fraturamento, com mecanismos de strain softening sendo muito importantes. Estas microestruturas associadas às transformações químicas e mineralógicas indicam temperaturas em torno de 350 a 450ºC, em condições equivalentes a facies xistos verdes, para a formação das rochas miloníticas. O caráter sincinemático do Granito Arroio Moinho demonstra uma evolução da deformação continua entre intrusão e cristalização do corpo.

Palavras Chave

Microestrutural; deformação; Zona de cisalhamento; Mineralogia.

Área

TEMA 20 - Mineralogia e Petrologia Metamórfica

Autores/Proponentes

Isabelle Dias Abrahão, Márcia Elisa Boscato Gomes, Maurício Dias da Silva