51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE LINEAMENTOS AZIMUTE 120º: IMPLICAÇÕES AO SISTEMA MINERAL DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO, MINAS GERAIS.

Texto do resumo

O Quadrilátero Ferrífero (QFe), localizado na borda meridional do Cráton São Francisco, é amplamente reconhecido por sua importância econômica e geológica. O arcabouço estrutural do QFe é composto por estruturas formadas do Paleoproterozoico ao Meso-Neoproterozoico, desenvolvidas em regimes extensionais e compressionais. O evento geodinâmico denominado orogênese Minas, de idade Paleoproterozoica, conformou as unidades Minas em dois sistemas de nappes com vergências opostas, seguidos por eventos de magmatismo máfico, destacando-se a intrusão de diques máficos de idade 1,7 Ga, reconhecidos como Enxame de Diques Máficos Pará de Minas (EDPM), e subsidiariamente com intrusão de diques máficos de idade 0,9 Ga. O evento tectônico de idade Brasiliana imprimiu nas rochas do QFe dobras descontínuas de escala mesoscópica com clivagens de crenulação plano-axial associadas. Os eixos dessas dobras orientam-se nas direções EW e NS, correspondendo ao encurtamento tectônico dos eventos Araçuaí e Brasília. O presente trabalho visa estudar os efeitos da reativação do EDPM na cobertura e nos processos mineralizantes do QFe, além de contribuir para o entendimento do fluxo de fluidos hidrotermais por meio da caracterização das propriedades litoestruturais, mineralógicas e geoquímicas das rochas e associações minerais associadas aos lineamentos mais extensos que seccionam o substrato do Quadrilátero Ferrífero. Os principais diques máficos do sistema EDPM no QFe compõem o Sistema de Lineamentos Azimute 120º. Todos os diques do sistema exibem foliação de cisalhamento desenvolvida pela tectônica Brasiliana de encurtamento EW sobreposto pela NS. São sete Lineamentos Azimute 120º, que atingem o substrato do QFe, sendo informalmente denominados como: Lineamento Congonhas, Brumadinho, Mariana, Fundão, Caeté, João Monlevade e Itabira. A expressão magnetométrica desses lineamentos é bem definida nos complexos metamórficos (Belo Horizonte, Bonfim, Santa Bárbara, Mantiqueira) e bastante difusa nas sequências supracrustais do QFe. Entretanto, a reativação dessas descontinuidades crustais durante o evento Brasiliano provocou a rotação das camadas, fraturamentos, falhamentos e dobramentos. Observa-se também uma megakink de cinemática sinistral com plano de fluxo ancorado nas descontinuidades crustais formadas pelos lineamentos azimute 120º Brumadinho e João Monlevade. Adicionalmente, essa megakink se conecta com a nappe Mantiqueira, uma megaestrutura de idade Brasiliana, formada na lapa da sutura de Abre Campo. A conexão geodinâmica dessas estruturas permitiu elaborar um arcabouço de um Sistema Mineral, crucial para a formação dos depósitos de ferro e ouro no QFe, associados aos eventos tectônicos de idade Brasiliana. Dentro desse contexto, os lineamentos de azimute 120º desempenharam um papel fundamental no entendimento dos mecanismos de migração dos fluidos hidrotermais através de condutos tectônicos, que possibilitaram a formação de depósitos de ferro e ouro no QFe. Estudos recentes confirmam a relação entre as fraturas crustais preenchidas por diques máficos do QFe e o fluxo de fluidos hidrotermais proporcionado pela reativação dessas fraturas e demais anisotropias do sistema rochoso. A geometria tabular e vertical das fraturas crustais preenchidas por corpos de diques máficos representa condutos propícios para a ascensão de fluidos hidrotermais ao longo da crosta. Agradeço à FAPEMIG pela bolsa e à PROEX e PPGECRN - UFOP pelo apoio financeiro e recursos ofertados.

Palavras Chave

Lineamentos Azimute 120º; Quadrilátero Ferrífero; Sistema Mineral; Fluidos Hidrotermais.

Área

TEMA 09 - Recursos Minerais, Metalogenia, Economia e Legislação Mineral

Autores/Proponentes

Amabiliane Gonzaga Queiroz, Issamu Endo, Leonardo Estáquio Silva Gonçalves, Luis Artur Souza Oliveira, Scarlety Ellen Patrocinio Santos, Lucas Medeiros da Silveira