51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

ARGILOMINERAIS COMO FERRAMENTA PARA DETERMINAÇÃO DE VARIAÇÕES PALEOHIDROLÓGICAS E PALEOCLIMÁTICAS EM PLANÍCIES DE INUNDAÇÃO DA AMAZÔNIA

Texto do resumo

As planícies de inundação compõem 44% da área da Bacia Amazônica, e ainda assim, estudos paleoclimáticos na região são escassos, sobretudo na Bacia do Rio Negro. A presente pesquisa teve como objetivo a reconstrução paleoclimática e paleoambiental da Bacia do Rio Negro no Holoceno utilizando a mineralogia como principal indicador. Além disso, buscou-se discutir a gênese e verificar a aplicabilidade dos argilominerais como indicadores paleoclimáticos. Para isso, foi coletado um testemunho de 590 cm do Lago do Cabeçudo (Novo Airão – AM). As amostras foram datadas através da técnica de carbono 14 e também realizadas análise da composição isotópica e elementar do carbono e nitrogênio para auxiliar na interpretação paleoambiental. Foi utilizada a técnica de DRX para identificar os minerais, tal como sua proporção e grau de cristalinidade. A datação forneceu uma idade aproximada de 8333 anos cal AP e destacou um hiato deposicional entre 2770 e 5700 anos cal AP. A caulinita foi o argilomineral dominante ao longo de todo o Holoceno, seguida por ilita e esmectita. Os difratogramas apontaram ainda a presença de minerais não argilosos como quartzo, gibbsita, anatásio, anortita e rutilo. A caulinita apresentou uma variação entre 64% e 84%, e um comportamento e decrescente no Holoceno Inferior e ascendente no Holoceno Superior. A ilita possui uma forte correlação negativa com a caulinita e apresenta valores variando entre 3% a 7%. A esmectita foi observada com teor de 3% em apenas uma das amostras, com idade de 5380 anos cal AP, próxima ao início do hiato deposicional. Os valores percentuais individuais de gibbsita e quartzo variam de 4% a 16%. A gibbsita demonstra uma forte tendência decrescente no Holoceno Superior, contrária ao comportamento da caulinita no mesmo período. O quartzo apresenta uma correlação negativa com a caulinita, o que fica bem visível no Holoceno Inferior onde seu comportamento é crescente. A caulinita e ilita foram interpretadas como sendo de origem detrítica devido a sua baixa cristalinidade observada ao longo do testemunho. Logo, assume-se que estes minerais provavelmente foram formados fora da área de sedimentação do lago e transportados até ele e posteriormente depositados. O Holoceno Inferior e Médio são marcados por baixos valores de carbono orgânico total (COT) e nitrogênio total (NT), enquanto o Holoceno Superior exibe altos valores numa tendência crescente. Esse comportamento sugere um ambiente mais seco com um nível mais baixo do rio com pouca produtividade primária. A ausência de sedimentação entre 2770 anos cal AP e 5700 anos cal AP provavelmente foi ocasionada pela seca completa do lago. A presença de esmectita próxima ao hiato corrobora com esta teoria pois ela se desenvolve em condições opostas à da caulinita, ou seja, clima seco. A caulinita está associada a ambientes quentes e úmidos, enquanto a ilita também está associada a condições climáticas mais secas. O aumento dos valores de caulinita e diminuição da concentração de ilita durante o Holoceno Superior estão associadas possivelmente ao aumento da umidade que favoreceu o aumento do nível do rio e a produtividade primária. Portanto, o presente estudo corrobora comestudos paleoclimáticos anteriores que atestam um Holoceno Médio seco e Holoceno Superior úmido. Além de demonstrar a boa aplicabilidade dos argilominerais como indicadores paleoclimáticos.

Palavras Chave

mineralogia; Holoceno; Rio Negro; Paleoclima; DRX.

Área

TEMA 06 - Paleoambiente e mudanças climáticas

Autores/Proponentes

Debora Abreu Silva, Luciane Silva Moreira, Carla Semiramis Silveira, Renato Campello Cordeiro, Juliano Henrique Fonseca Soares, Patricia Moreira-Turcq, Keila Aniceto, Naziano Filizola, Juliana da Costa Dias Silva