Dados da Submissão
Título
CARACTERIZAÇÃO PRELIMINAR DO CARSTE DA FORMAÇÃO TACARATU: POTENCIAL ESPELEOLÓGICO E ARQUEOLÓGICO
Texto do resumo
A Formação Tacaratu, unidade basal da Bacia de Jatobá, é composta essencialmente por arenitos, conglomerados polimíticos e arcóseos finos a conglomeráticos, ocasionalmente intercalados com siltitos e argilitos de granulação mais fina. Esta unidade geológica aflora nos municípios de Buíque, Ibimirim, Tupanatinga, Inajá e Manari, no estado de Pernambuco, onde está associada a um relevo cárstico . Este estudo visa realizar uma caracterização preliminar do relevo cárstico na Formação Tacaratu, analisando suas feições e avaliando a potencialidade para ocorrência de cavidades e sítios arqueológicos. A metodologia integrou aspectos geológicos, geomorfológicos e hidrológicos, utilizando dados secundários e imagens de satélite para subsidiar os estudos preliminares de campo. Durante a fase de campo, foram coletadas informações por meio de entrevistas com membros das comunidades locais, caminhamento e levantamento com Veículo Aéreo Não-Tripulado (VANT), a fim de obter dados in loco sobre a área e a presença de feições cársticas. Os resultados indicam que a região apresenta um relevo cárstico caracterizado por feições esculpidas com aspecto ruiniforme, desenvolvidas tanto em ambientes superficiais (exocarste) quanto subterrâneos (endocarste). A paisagem é composta por torres, paredões verticais, sistemas de galerias, cavidades, mesas e torres. Além disso, reconhece-se que a paisagem cárstica ocorre em diversas litologias, não se limitando aos processos de dissolução em rochas carbonáticas, com variações no papel do intemperismo químico e físico. A formação rochosa arenítica destaca-se pela elevada potencialidade espeleológica, frequentemente subestimada. No Parque Nacional do Catimbau e sua área de amortecimento (Buíque e Ibimirim), foram identificadas na literatura 201 cavidades. Já o trabalho de prospecção em outros municípios Pernambucanos resultou na identificação de 19 cavidades naturais, geralmente de pequenas dimensões, com desenvolvimento linear inferior a 10 m, associadas a falhas e fraturas em relevo cuestiforme com vertentes escarpadas.Em termos arqueológicos, a ocupação humana se estende desde o Holoceno Inicial, com registros de sítios com pinturas rupestres e materiais líticos (pedra lascada), justamente dada pela composição do ambiente proporcionar os suportes preferenciais para as pinturas (feições ruiniformes) e a matéria-prima (rochas areníticas) para produção de ferramentas ancestrais. A Formação Tacaratu ainda é pouco explorada cientificamente, apesar de apresentar áreas significativas com potencial médio a elevado para a ocorrência de cavidades naturais e feições cársticas. Essa caracterização preliminar revela um alto potencial para novas descobertas sobre o desenvolvimento cárstico da região e estimula a preservação e a gestão do geopatrimônio.
Palavras Chave
Carste; Formação Tacaratu; arqueologia; geopatrimônio
Área
TEMA 04 - Geodiversidade, Geoturismo e Geoconservação
Autores/Proponentes
Jéssica Neres Santos, Juliana Betarelo Ramalho, Júlia Ferreira Sampaio Pessoa, Fabiano Carvalho Melo