Dados da Submissão

Título

ANÁLISE PETROGRÁFICA E MICROESTRUTURAL DO GNAISSE CHÁCARA DAS PEDRAS – CINTURÃO DOM FELICIANO ORIENTAL

Texto do resumo

O Cinturão Dom Feliciano (CDF) é um cinturão orogênico neoproterozoico relacionado ao ciclo Brasiliano/Pan-Africano e envolveu a colisão entre os crátons Rio de la Plata, Kalahari e Congo. O domínio oriental do CDF estende-se na direção NE, desde Punta del Este (Uruguai) até a porção leste do estado de Santa Catarina. No Escudo Sulriograndense, a porção oriental do CDF corresponde ao Terreno Pelotas, no qual predominam granitoides cálcico-alcalinos relacionados à atividade de arco magmático, além de várias zonas de cisalhamento transcorrentes anastomosadas. De forma subordinada, ocorrem diversos “roof pendants” ou “septos do embasamento” de dimensões métricas a quilométricas de rochas metamórficas ortoderivadas incluídas no Complexo Piratini. O gnaisse Chácara das Pedras (CdP), aflorante na região de Porto Alegre/RS, é uma destas ocorrências e constitui uma associação de rochas com idade magmática de 777 Ma, e idade metamórfica de 650 Ma. A composição predominante é granodiorítica, com membros graníticos, dioríticos e tonalíticos associados. A fim de compreender a evolução geológica do CdP, métodos como estudos de campo, descrição de testemunhos de sondagem e microscopia óptica foram empregados para a realização de análise petrográfica e microestrutural, envolvendo a caracterização da mineralogia, grau metamórfico e estruturas deformacionais, além da identificação da trama ígnea reliquiar. Em suas unidades aflorantes, a estrutura gnaissica é representada pelo bandamento composicional, com bandas máficas e félsicas irregulares e descontínuas, de tamanho centimétrico a métrico, de direção E-W. Zonas tanto de mais alta quanto de mais baixa deformação estão presentes, incluindo dobras de escala decimétrica a métrica e estruturas como pinch-and-swell e boudins. As feições microestruturais indicam certa preservação reliquiar de características ígneas primárias, como porfiroclastos subédricos de feldspato alcalino e plagioclásio, comumente alterados a sericita e epidoto. As bandas máficas possuem textura lepido-nematoblástica e são ricas em biotita, hornblenda, titanita e opacos. As bandas félsicas são compostas principalmente por quartzo, plagioclásio e feldspato alcalino, apresentam textura granoblástica inequigranular interlobada, irregular e por vezes poligonal. O quartzo, em geral, está alongado, ocasionalmente formando lentes e mosaicos, além de forte extinção ondulante e subgrãos com contatos serrilhados. O plagioclásio de origem metamórfica é subidioblástico, possui contatos retos a irregulares e apresenta maclas polissintéticas deformacionais, e o feldspato alcalino é essencialmente reliquiar, contendo mirmequitos e indícios de microclinitização. Tanto o feldspato alcalino quanto o plagioclásio possuem feições como a geração e rotação de subgrãos. Estas características microestruturais, em conjunto com a paragênese, indicam temperaturas compatíveis com as da fácies anfibolito superior. Os dados obtidos, em conjunto a dados geoquímicos disponíveis na literatura, sugerem conexão com ortognaisses tonianos descritos no Uruguai (Cerro Olivo) e no do Rio Grande do Sul (gnaisses Piratini), possivelmente envolvendo a presença de um extenso arco magmático na região, afetados por metamorfismo orogênico colisional em fácies anfibolito inferior no criogeniano.

Palavras Chave

Escudo Sul-rio-grandense; Ortognaisses; embasamento; Toniano; Arco magmático continental