51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

ANISOTROPIA DE SUSCEPTIBILIDADE MAGNÉTICA E MICROTECTÔNICA DA ZONA DE CISALHAMENTO GUAÇUÍ

Texto do resumo

Uma zona de cisalhamento dúctil é distinguida por ser uma área de forma tabular onde há alta taxa de deformação, dominada por deformação intracristalina. A Zona de Cisalhamento Guaçuí (ZCGu) situa-se no limite dos orógenos Araçuaí e Ribeira, facilmente reconhecida em fotografias aéreas, por um lineamento NE-SW com extensão de aproximadamente 320 quilômetros e cinco quilômetros de largura. Seu limite norte encontra-se entre as cidades de Aimorés/MG e Colatina/ES, com uma série de ramificações. Segue continuamente para sul até Itaperuna/RJ, onde deflete para SW fundindo com a Zona de Cisalhamento Além Paraíba. Embora essa estrutura seja bastante proeminente no relevo com extensão significativa, a ZCGu carece de estudos petrográficos e estruturais para definir sua arquitetura, cinemática e limites de pressão e temperatura da deformação. Temos como objetivo realizar um levantamento litológico e estrutural na porção central dessa estrutura para execução de descrições macroscópicas, microscópicas e análise estrutural utilizando Anisotropia de Susceptibilidade Magnética (ASM). A área escolhida para estudo trata-se da porção central da ZCGu onde o lineamento é mais proeminente e apresenta os melhores afloramentos. O levantamento estrutural foi realizado ao longo de perfis transversais e longitudinais a essa zona de cisalhamento, na região entre as cidades de Varre-Sai/RJ e Muniz Freire/ES. Foram coletadas 37 amostras orientadas, encaminhas para o Laboratório de Anisotropias Magnéticas (IAG-USP), onde foram mensuradas as orientações da trama magnética e mineral (foliação, lineação e suceptibilidade magnética). Foram confeccionadas 19 lâminas delgadas polidas orientadas para definição das assembleias minerais determinantes de fácies metamórficas e microestruturas. A ZCGu é constituída por milonitos e ultramilonitos, a intensidade da deformação aumenta da borda para o centro com cinemática predominantemente dextral. As microestruturas reconhecidas foram: fitas de quartzo separadas por feldspato recristalizado de granulação fina a média, núcleo-manto em feldspato e ortopiroxênio, simplectitas de biotita e quartzo, piscinas de melt no interior de granadas sin-deformacionais e fratura em k-feldspato preenchida por melt. O metamorfismo dinâmico alcançou temperatura acima de 650°C com evidências de fusão parcial durante a deformação. Além disso, são evidentes microestruturas de deformação de baixo grau como cristais de muscovita e clorita concordantes com a foliação milonítica, e bulgings no interior das fitas de quartzo. As medidas obtidas em campo e os resultados da ASM demostram que a direção da foliação magnética no interior da ZCGu varia em poucos graus tendendo a N30E, e os mergulhos são altos, superiores a 60°. A orientação da lineação mineral segue a direção da foliação, no setor central são horizontalizadas e o valor do caimento aumenta à medida que se afasta do centro. Na parte sul caem para norte, variando de 10° a 27°. Do centro para o norte os caimentos aumentam de 10° até 62° e caem para sul. Isto permite concluir que a ZCGu se formou por um período prolongado de deformação, apresenta um movimento transcorrente dextral, com componente inverso que permitiu a exumação de rochas profundas do embasamento paleoproterozóico em suas extremidades a noroeste e sudeste. Posteriormente, esta estrutura foi reativada na fácies xisto verde (<450°C), o que deve ter ocorrido durante a colocação dos plútons pós colisionais.

Palavras Chave

Orógeno Araçuaí-Ribeira; Geologia Estrutural; Perfil Geológico; Milonito;

Área

TEMA 17 - Tectônica e Evolução Geodinâmica

Autores/Proponentes

Lucas Pequeno Gouvêa, Sílvia Regina Medeiros, Ricardo Trindade, Júlioi Mendes, Caroline Cibele Vieira Soares, Gelson Ferreira Souza Junior, Filipe Altoé Temporim, Henrique Jaretta Silva